9 de maio de 2016

“Seu Quido – Meu Amigo, Meu Patrono” por Adriano de Sousa

Entre a minha terra natal e a terra que me acolheu, um dilema: a quem homenagear na hora da escolha do Patrono da minha cadeira na Academia de Letras do Brasil/Ceará. Mas o amor à terra natal falou mais alto. Euclides Nogueira Santana – Seu Quido, foi a escolha. Escolha justa!

Seu Quido sempre esteve presente na vida da minha família paterna. Já era homem de muita influência na cidade de Altaneira quando os meus parentes paternos chegaram a cidade advindos de outras paragens. Não obstante, foi o vizinho desta mais nova família recém-chegada naquele município. E, como se o destino não os quisesse separar, quando membros das duas famílias migraram para o estado de São Paulo, na busca por dias melhores, naquele Estado, passaram a viver com certa proximidade.

Enquanto isso, Seu Quido, em Altaneira, cuidava do município através dos seus dotes medicinais. Por isto foi homenageado nomeando o Hospital Municipal.

Esteve sempre presente na minha infância, cuidando da minha saúde. Visitava minha casa a cada quinze dias quando nos trazia bananas do seu sítio para que vendêssemos a comunidade altaneirense.

Visitava a minha avó sempre que chegava de São Paulo em visita aos seus filhos. Na viagem, sempre visitava também os meus tios e deles nos trazia notícias. Quanto a sua presença na minha família, já não tenho dúvida nenhuma.

Seu Quido foi político; prefeito, vice-prefeito, vereador por muitos mandatos e presidente da Câmara Municipal de Altaneira. Como farmacêutico, salvou o povo altaneirense em todos os momentos onde a medicina se fez presente; atendeu o nosso povo antes de existir o hospital da Fundação José Furtado Leite, atendeu depois do hospital existir e não ter médico todos os dias, atendeu nas diversas vezes em que a prefeitura não firmou convênio com a Fundação e o hospital fechou; atendeu todas as madrugadas de chuva em que foi procurado, atendeu até a morte na FARMANOSSA. Como historiador, foi o homem mais inteligente que eu pude conhecer. Jamais foi procurado para ser entrevistado para decepcionar os seus entrevistadores. Não falo da história de Altaneira, isso ele sabia de cor porque dela participou ativamente, mas falo da história do Brasil, do Ceará e do Cariri. Numa entrevista feita sobre a malária no Ceará, Seu Quido pode me dar mais informações do que conhecia o IMOPEC - Instituto da Memória do Povo Cearense. Sabia muito. Sabia de tudo. Sabia tanto quanto tinha serviço prestado ao povo Altaneirense.

No entanto, quero aqui ressaltar os seus dotes poéticos. Enquanto poeta, está imortalizado como autor do Hino Municipal de Altaneira, obra que assina a letra sob música do Padre David Augusto Moreira.

Estou certo de ter descrito o meu Patrono da mais maneira mais completa possível em poucas linhas. No entanto, não fico por este, impedido de escrever a sua vida e obra quando já assentado em uma das cadeiras da Academia de Letras do Brasil/CE.

E para que se fundamente a minha escolha, a mais nova denominação a este grande vulto histórico altaneirense – Poeta Euclides Nogueira Santana.

Francisco Adriano de Sousa é poeta, membro da Sociedade dos Poetas de Araripe-SPA, do Instituto Cultural do Vale Caririense-ICVC e da Academia de Letras do Brasil/Ceará-ALB/CE

A imagem que ilustra o artigo é de Heloisa Bitu do Ensaio Fotográfico Altaneira Meio Século

Um comentário:

  1. Do que relatou sobre Seu Quido, é
    Muito merecida a homenagem. Voltarei a dormir até blogue, talvez possa ter material para meu romance Noite em Paris que está sendo publicado no blogue de mesmo nome. É incrível mas quase toda cidade brasileira tem o seu Quido, eu mesmo conheço uns cinco, pessoas abnegadas que cuidam mais dos outros que de sí.

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