Páginas

29 de março de 2010

"Uma Viagem Inesquecível" por Antonio Vicelmo

Delvamberto na Cordilheira dos Andes no Chile - foto Parente

Inspirados na lendária viagem de Ernesto Che Guevara e seu amigo Alberto Granado, que em 1952 atravessaram a América do Sul numa moto Norton-500 CC, modelo 1939 de fabricação inglesa, três empresários do Cariri seguiram a trilha do guerrilheiro, revivendo uma aventura que está sendo agora contada no livro “Uma Viagem Inesquecível”, escrito por Delvamberto Soares que, ao lado do industrial Cristiano Macedo Teles e do empresário Francisco Parente, rodaram quase 10 mil quilômetros de São Paulo ao Chile. 

A diferença é que a viagem do guerrilheiro foi entremeada de reflexões sobre múltiplos aspectos da América: a miséria dos índios, o espanto de conhecer o mar, o mundo percebido pelos olhos de um jovem de 23 anos, disposto à surpresa e à compaixão, mas também querendo descobrir sua verdadeira vocação, aproveitar a vida, enamorar-se verdadeiramente. Tudo isso enquanto a moto seguia pelas estradas poeirentas e arriscadas, perdendo peças pelo caminho, provocando tombos e episódios tragicômicos.

Os três aventureiros, que entraram para a história como os primeiros motociclistas do Cariri a enfrentar tamanho desafio, encontraram uma América do Sul totalmente diferente daquela América pobre, explorada pelos Estados Unidos, que forjou a consciência política e revolucionária de Guevara.

Estradas asfaltadas, sem nenhum buraco, uma boa rede hoteleira e a presença do Governo em todos os países visitados. Educação, saúde, assistência social e, principalmente, respeito do povo para com os governantes, são prioridades. Esta foi à visão colhida pelos empresários que tinha como meta fugir do estresse provocado pelo dia a dia dos negócios e procurar na solidão das estradas a sensação de liberdade, no contato direto com a natureza, conhecendo pessoas, descobrindo usos e costumes de países diferentes.

Para quem imaginava que o argentino era o rival impiedoso dos campos futebol “quebrou a cara”. “Encontramos um povo solidário e amigo”, ressalta Delvamberto, acrescentando que a moto aproxima as pessoas. “Fizemos amigos e vivemos as maiores emoções da vida”, comemora.

Pilotando três motos Shadow de 600 e 750 cilindradas, os motociclistas enfrentaram chuvas e tempestades. Na cordilheira dos Andes, uma vasta cadeia montanhosa formada por um sistema contínuo de montanhas ao longo da costa ocidental da América do Sul, tiveram que diminuir a velocidade para 20 quilômetros por hora.

“Valeu a pena o sacrifício”, narrou Delvamberto, destacando que a cordilheira possui aproximadamente 8.000 quilômetros de extensão e, em seus trechos mais largos, 160 quilômetros do extremo leste ao oeste. Sua altitude média gira em torno de 4 mil metros e seu ponto culminante é o pico do Aconcágua com 6.962 metros.

Para o empresário do ramo de informática Francisco Parente, a viagem foi uma emoção sem limites do começo ao fim. “Foi o sonho de minha vida, sempre alimentei a esperança de um dia cumprir este roteiro. Vamos ficar na história como os primeiros caririenses a enfrentar esta aventura”.

O desabafo de Parente é complementado pelo industrial Cristiano Macedo Teles: “Viajar é sempre uma aventura maravilhosa e não canso de me deslumbrar com cada oportunidade que surge para conhecer um pouco mais desse lindo planeta azul. De moto, a aventura é ainda mais fascinante”, afirma. Você fica completamente inserido na paisagem. Sente o cheiro, o vento, o frio, o calor. É o mundo em sua volta. È o domínio que você tem sobre a máquina que desliza no asfalto sob o seu comando.

Moto também tem outra peculiaridade: você não conversa com seu companheiro de viagem durante o trajeto. É um exercício pleno de meditação, do mergulho no cenário, da real noção da proporção. Por isso, as paradas se tornam mais gotosas. É a oportunidade de telefonar e receber telefonemas dos amigos e parentes, “botar” os assuntos de viagem em dia.

Viajar de moto, segundo Cristiano, nos remete à nossa essência num exercício de minimalismo: não dá para fazer compras, não dá para levar muita bagagem. Ao longo da viagem a nossa retina e o nosso cérebro vão armazenando paisagens, que serão complementadas com as fotos colhidas. O livro de Delvamberto conclui dizendo que melhor do que viajar é voltar para casa, rodar em solo brasileiro, no caminho de volta para o aconchego da família.

Antonio Vicelmo é Jornalista/Radialista/Motociclista

Confira algumas fotos da viagem de Delvamberto e seus amigos:








Leia matéria no Diário do Nordeste.


Confira outras fotos no Orkut.