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31 de janeiro de 2011

Colheita de pequi modifica paisagem e hábitos da região

A Professora Micirlandia Soares sempre compra piqui na Serra
Casas improvisadas com armação de madeira e cobertura de palha ou plástico. A morada é provisória, dura em torno de três meses, tempo de colheita do pequi, fruto bem típico da região onde fica a Chapada do Araripe. A época de colher é entre os meses de janeiro e março e, nesse período, famílias que moram em municípios como Crato, Nova Olinda, Barbalha e Jardim, mudam para os barracos, levando as crianças, mesmo que o tempo seja de chuvas pré-estação.


Esse ano os catadores do fruto não estão muito animados com a safra por causa da estiagem prolongada que ocorreu ano passado. A seca atrapalha a floração dos pequizeiros. Mesmo assim acreditam em ganhar uma renda extra com a venda dos frutos.

O agricultor Manoel Pereira, por exemplo, diz que toda sua família já está colhendo os primeiros frutos. Ele e os cinco filhos, todos os dias, estão embrenhados na floresta catando pequis. “Se a gente for viver só da agricultura não dá para sobreviver. Aqui não temos irrigação e dependemos das chuvas. Antes, eu conseguia estocar sementes de feijão e milho, mas hoje com esses invernos (quadras chuvosas) irregulares, fica difícil até colher pro próprio consumo”, lamenta.

Manoel garante que a renda da família cresce no período da colheita do pequi. “Durante toda a safra nós conseguimos vender bem. Agora já temos também a consciência de preservar a floresta (Floresta Nacional do Araripe), porque é aqui que a gente vive e tira o sustento”.

O agricultor diz que as famílias que sobrevivem da colheita não permitem que os pequis sejam derrubados do pé e só apanham o fruto do chão. “Eles caem principalmente durante a noite e é muito melhor catar do chão e não tirar o fruto verde do pé”, recomenda e diz que fruto verde não produz óleo bom e a retirada do pé traz prejuízos à floresta.

Conscientização
Famílias inteiras deixam suas casa para morar nas barracas durante
o período de colheita dos pequis – foto Dário Gabriel
A coordenação da Floresta Nacional do Araripe (Flona) realiza um trabalho de conscientização dos catadores de pequi com relação ao reflorestamento e cuidados com a mata nativa. Para garantir a renovação dos pequizeiros, os catadores doam uma parte das amêndoas para que sejam feitas mudas da árvore. No ano seguinte, a coordenação da Flona entrega as mudas para que as famílias plantem novas árvores.

Os catadores do pequi começam a trabalhar cedinho. Embrenham-se na mata com sacos presos nas costas para recolher os frutos. Crianças e mulheres ajudam os homens. Depois, todos levam o que colheram para as barracas e é hora de separar o que for para vender e os que vão servir para preparar o óleo. As crianças que ajudam seus pais na safra não deixam de estudar. A Prefeitura de Jardim, por exemplo, envia professores para os acampamentos a fim de garantir a educação. A maioria dos catadores de Jardim mora no Sítio Cacimbas, distrito do município. 

Todos os anos, em janeiro, famílias de Nova Olinda, Jardim, Crato e cidades no entorno da Chapada do Araripe, acampam próximo da Floresta Nacional do Araripe para a colheita do pequi, geralmente de janeiro a março.

SAIBA MAIS

Com o mesmo tamanho de uma laranja pequena, o pequi é um fruto típico do Cerrado brasileiro, mas também é produzido na
região da Caatinga, como na região do Cariri.

Cercada pela Chapada do Araripe. O clima mais úmido e chuvoso, naquela região, favorecem a boa produção.

Altamente calórico, o fruto do pequizeiro é usado como condimento e é rico, principalmente, em vitaminas A e C. Os frutos são usados para se cozinhar com arroz ou outros pratos salgados, como frango, peixe, carnes e até no leite.

A polpa do pequi serve como ração animal e a amêndoa ou castanha pode se transformar em óleo, que é usado como medicinal.

A amêndoa é também usada pela indústria de cosméticos na fabricação sabonetes e cremes.

O chá das folhas do pequi é tido como regulador menstrual, combatendo também doenças nos rins e bexiga.

Com informações O POVO Online

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