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5 de setembro de 2013

Temos uma Juventude Politizada? por José Nicolau

A juventude sempre teve papel preponderante nos movimentos sociais, emprestando a eles sua força, irreverência e capacidade de protesto contra toda e qualquer forma de tirania e ditadura. Assim, os movimentos estudantis são fontes naturais de novas lideranças políticas, essenciais para a renovação de sistemas obsoletos e que perderam a capacidade de dialogar com os anseios atuais da sociedade.

Ao mesmo tempo, é também nessa faixa etária que se encontra a parte da população brasileira atingida pelos piores índices de desemprego, evasão escolar, falta de formação profissional, mortes por homicídio, envolvimento com drogas e com a criminalidade.

No Brasil, que tem atualmente cerca de 34 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos – período adotado pela Unesco para definir juventude –, o segmento ganhou tanto peso que o governo Lula criou, em 2005, uma Política Nacional de Juventude, a qual gerou a instalação de um Conselho e de uma Secretaria da área, depois adotados em vários municípios e estados. São iniciativas concretas que traduzem a necessidade e a importância de uma política pública de juventude em nosso país. Sem dúvida, um avanço institucional significativo que reconhece a especificidade da condição juvenil e o jovem como portador de direitos.

É nesse contexto que aqui em Altaneira a participação da juventude nas discussões políticas partidárias está, aos poucos, ganhando força. Criamos na rede social Facebook o grupo JOVENS POLITIZADOS. Na descrição frisamos o seguinte: Levando em consideração que Politização significa, acima de tudo, “formação da consciência de direitos e deveres políticos", esse grupo objetiva contribuir com a descrição acima a partir do nosso comprometimento em instigar os jovens a fazer parte desse processo, a se sentir um construtor da sua cidadania. Sendo assim, é de fundamental importância a ampliação e o entendimento do seguinte: O que é política? Que influencia produz sobre a sociedade? Qual sua importância para o individuo e a nação?

A partir de cada postagem por mim e dos demais membros essas perguntas, sem termos a pretensão de esgotar o debate irão sendo desvendadas.

É bem verdade que a grande maioria das postagens parte deste blogueiro, enquanto idealizador do grupo. Todo via, a participação dos jovens vem aumentando, o que nos deixa feliz. Mas não o suficiente.

Nunca é demais lembrar que ao longo de nossa história a juventude escreveu páginas de lutas memoráveis, posicionando-se sempre em defesa de valores humanistas e democráticos que buscavam, em cada etapa, a construção de um país livre e justo. Há um percurso histórico que vem do abolicionismo aos dias atuais, passando por fortes mobilizações com a do “Petróleo é Nosso”, a luta pelo fim das ditaduras do Estado Novo e Civil - Militar, as Diretas Já e o impeachment do Presidente Collor.

Atualmente, temos testemunhado um quadro que não é glorioso falar, ao não ser para questionarmos o porquê da nossa juventude está tão distante das discussões políticas partidárias. Ao nos direcionarmos de forma específica para Altaneira esse quadro não muda muito.

Ora, temos acompanhado nas últimas semanas uma discussão que no mínimo, é infantil, para não dizer fútil, estamos nos referindo aos rumos que as discussões sobre os festejos da padroeira tomaram. Discutir sobre a mudança do local e os seus impactos econômicos, sociais, políticos e culturais não só é importante, como demonstra zelo pela democracia. Ouvir as partes, também. Agora, discutir futilidades e incitar e até mesmo forjar um debate sobre essas futilidades não é prazeroso para ninguém. Foi iniciado um tópico hoje (04) na rede social facebook pelo professor Adeilton e que também ocupa assento na Câmara como vereador pelo PP que deixa qualquer educador entristecido. Na postagem o professor afirmou que os alunos Fábio Sousa e Bruno Mendes da EEM Santa Tereza chegaram a realizar pesquisa com alguns jovens com o intuito de saber quais as atrações essa juventude queriam ver em outubro próximo.

Ante isso perguntamos: Que sentido tem discutir sobre que banda virá tocar nos festejos da padroeira e, ou na festa de outubro? Ou melhor, quem importância tem? Quais os benefícios sociais isso gerará? Qual sentido tem iniciar um debate sobre a existência ou não de um carro de som acompanhando todo o percurso do pau da bandeira?

O mais grave ainda é que o rumo dessas discussões está sendo alimentado por "educadores". Digo grave por que para mim, a educação precisa ter sempre como objetivo maior formar cidadãos críticos do meio que o cerca. A educação tem que ser para a cidadania, para a politização.

Será se não seria mais útil se valer desse mesma metodologia em sala de aula ou até mesmo extraclasse envolvendo o alunado nas discussões que podem fazer destes cidadãos críticos, atantes e politizados? Envolvê-los em assuntos que contribuam para o seu crescimento intelectual seria mais proveitoso. Agora, fica difícil se perguntar se temos uma juventude politizada quando umas das peças fundamentais para que isso ocorra não o é, ou não o são.

Lamentamos ainda mais o tanto de comentários e curtidas (falando na linguagem faceana. Hehe) que se testemunha quando o assunto gira entorno de festividades. Do contrário, quando se fale em educação, saúde, em cultura e suas diversidades, enfim quando se toca em fatos que podem de fato, intervir na vida destes, pouco se constrói tendo como suporte os debates destes mesmos jovens que enchem as redes de opiniões.


Postado originalmente no Blog Informações em Foco

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