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15 de outubro de 2013

"A Escola tem que politizar seus estudantes" por José Nicolau

A perpetuação de um sistema educacional que não ensina as nossas crianças a ler, escrever, interpretar e articular suas ideias é a chaga que propaga em nosso país males como a corrupção, a violência e a miséria.

É corrente em algumas redes de ensino a ideia de que os professores fingem que ensinam, os alunos simulam a aprendizagem e os resultados falseiam a realidade. A consequência mais evidente desse autêntico drama brasileiro é que os votos da população menos (ou não) esclarecida acabam dando sobrevida a políticos que não têm a mínima intenção de aperfeiçoar ou melhorar a educação ou qualquer outra instância da realidade nacional. 

Quando ouvimos uma pessoa dizer que um determinado político “rouba, mas faz” - temos que nos indignar e articular respostas e reflexões que ajudem a pessoa a mudar de opinião. Quando ficamos sabendo que alguém vai trocar seu voto por algum favor ou benefício material, temos que nos mobilizar para que isso não aconteça...

E não podemos simplesmente esperar que o voto, por si só, seja capaz de promover as alterações que desejamos para o país ou para a educação. Participamos da democracia quando votamos e, principalmente, a partir do momento que fiscalizamos e cobramos as autoridades quanto aos projetos, ideias e necessidades de nossas comunidades, cidades, estados e país.

A educação é momento primordial de esclarecimento não apenas dos conhecimentos previstos no currículo oficial através de cada disciplina. Os anos de chumbo da ditadura ajudaram a silenciar nossa consciência crítica, a televisão que esvazia os nossos discursos e tolhe o diálogo nos imobiliza e isola, as mentiras e omissões dos políticos se repetem e nos insensibilizam de tão frequentes e impunes.

Por tanto, que possamos fazer da educação o caminho para formar, de fato, jovens politizados. Porém, a tarefa é árdua demais, difícil demais, porque os responsáveis pela politização sucumbi ante a realidade e o jogo político.

No nosso dia, faz-se necessário que recorramos ao que nos afirmava o sociólogo Florestan Fernandes "Na sala de aula, o professor precisa ser um cidadão e um ser humano rebelde".  Ser um professor cidadão implica buscar ser também um formador de opinião para que o aluno também o seja.  (grifo meu). Pensar assim vai ao encontro do que ele já nos dizia: “Ou os estudantes se identificam com o destino de seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo”.

Professores, professores, enfim os formadores de opinião que possamos ficar com as palavras de um dos maiores educadores dos últimos tempos, Paulo Freire que na obra Educação como Liberdade nos alertava: “Defendo a educação desocultadora de verdades. Educando e educadores funcionando como sujeitos para desvendar o mundo”. A educação como prática da liberdade, defendida por ele, enxerga o educando como sujeito da história, tendo o diálogo e a troca como traço essencial no desenvolvimento da consciência crítica.

No mais, para todos nós educadores e educadores e ainda os futuros mestres no processo de ensino-aprendizagem, os nossos parabéns e continuemos nessa luta.

Publicado originalmente no Blog Informações em Foco


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