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12 de abril de 2014

Ciclismo de Montanha: XCO ou XCM?

Há duas modalidades no Ciclismo de Montanha, o MTB, sigla do inglês Mountain Bike, cujas siglas (XCO e XCM) ainda fazem confusão na cabeça de muita gente.

Em artigo publicado no portal Bike Bros, o amante do ciclismo Hudson Malta explica as diferenças entre as duas modalidades e dar dicas de como curtir ao máximo a modalidade da sua escolha. 

Hudson cita que desde sua “invenção”, há pelo menos 30 anos, o MTB já passou por inúmeras evoluções, tanto nos aspectos práticos quanto técnicos, uma vez que antes havia apenas o Cross Country (XC) que consistia na mais pura e simples expressão do uso de uma bicicleta de MTB: “pedalar por aí, cruzando rios, montanhas e trilhas, transpassando por obstáculos impostos pela Natureza”.

Registra que após as Olimpíadas de Atlanta, em 96, quando o MTB se tornou definitivamente parte dos Jogos, apareceu o termo “XCO”, ou Cross Country Olímpico, batizando oficialmente as competições em circuitos fechados, com extensão a partir de 4km. Pouco tempo depois, começaram a surgir, em escala internacional, vários eventos onde não havia mais circuito fechado, e sim, uma longa distância a ser percorrida entre dois pontos, normalmente acima de 60km. Esta modalidade ganhou o nome “XCM”, ou Cross Country Maratona.

A partir do primeiro campeonato mundial de XCM, na Suíça, em 2003, a modalidade estava oficialmente sancionada pela UCI –, e passou a ser reconhecida como disciplina independente no MTB.

Hoje, as distâncias médias para provas de XCO ficam entre 20 e 30km, a serem percorridos em circuitos de pelo menos 4km. As Maratonas possuem de 70 a 120km. Muitas provas possuem distâncias menores, mas há rígidas especificações impostas pela UCI para provas oficiais.

Hudson lembra que ambas as modalidades exigem técnicas e abordagens diferentes do piloto. No XCO, o simples fato de saber que irá passar pelos mesmos pontos várias vezes faz com que o ciclista precise analisar cada circunstância volta a volta, estabelecendo os melhores (e piores) pontos para ultrapassagens e a melhor maneira de encarar subidas e descidas. Há também o congestionamento da pista, provocado por ciclistas mais lentos, que acabam atuando como dificuldade adicional. O cansaço físico e mental aparece por conta das repetidas passagens por trechos difíceis, exigindo do ciclista uma grande determinação para completar as voltas do circuito.

No XCM, a dificuldade está na distância a ser percorrida. Não há mais o típico stress do XCO, provocado por repetidas exposições às mesmas situações de dificuldade. Em contrapartida, o desconhecimento do terreno e as longas distâncias atuam como fatores que comprometem o rendimento do ciclista. É necessária uma boa resistência física, aliada ao grande controle mental para percorrer várias dezenas de quilômetros em ritmo forte, às vezes absolutamente sozinho. Além disso, o ciclista precisa ser autossuficiente, pois em muitas ocasiões estará bem distante de socorro. Isso exige um bom conhecimento de mecânica, além de provisões de água ou isotônicos e alimentos como barras energéticas. Em trajetos realmente longos (acima de 100km), pode ser recomendável o conhecimento de leitura de mapas ou GPS.

O XCO exige apenas os itens básicos do MTB: Uma bike leve e confiável e os equipamentos de segurança normais (luvas, óculos e capacete). Em competições de XCO sempre há uma “área de apoio” definida pela organização, onde o competidor pode receber auxílios de nutrição (água e alimentos) ou mecânicos. Assim, ele não precisa levar nada consigo no decorrer da prova.

Já o XCM exige que o atleta leve seu próprio suporte técnico, pois muitas vezes estará isolado e distante de qualquer possibilidade de auxílio. Assim, se faz necessário o transporte de bolsas de hidratação, além de provisões rápidas, ferramentas e câmaras de ar de reserva.

As bicicletas para XCO são muito leves e normalmente possuem apenas suspensão dianteira. O quadro, rodas e demais peças são leves, porém resistentes e confiáveis dentro de certos parâmetros. Os pneus e suas pressões de ar variam de acordo com o terreno do circuito, embora muitas vezes haja uma mistura de situações bem diferentes, exigindo o uso de pneus polivalentes.

As duas modalidades para XCM devem ser mais robustas, embora também bastante leves. O uso de suspensão traseira pode trazer resultados ao diminuir os impactos do terreno sobre o corpo do ciclista, e isso em uma grande distância pode fazer a diferença. 

Em subidas longas, a suspensão traseira também pode auxiliar ao aumentar a tração, desde que devidamente regulada para o peso do piloto e o tipo de terreno. As peças devem ser mais fortes, para evitar riscos de quebra no trajeto. 

Os pneus devem permitir uma rodagem mais solta, e como a maioria das provas de XCM é feita em estradões (pelo menos no Brasil), o uso de pneus com cravos mais baixos é recomendável, assim como pressões de ar maiores. Com baixa pressão, os pneus tendem a agarrar mais ao solo, fazendo com que o atleta se desgaste mais, principalmente em solo pesado (úmido).

Muitas vezes, longos trajetos de XCM passam por dentro de propriedades privadas, ou atravessam lugarejos e rodovias. Hudson recomenda seguir algumas recomendações, para evitar problemas ou que moradores locais não vejam o ciclista com antipatia, vejamos:
- Sempre peça permissão antes de entrar em propriedades privadas.
- Sempre mantenha as porteiras fechadas.
- Não beba água de rios e riachos, pois pode haver contaminação não visível, principalmente em áreas agrícolas. Se precisar de água em ambientes remotos, procure nascentes menos expostas.
- Cumprimente os moradores locais. Um simples “Olá” pode fazer milagres.
- Evite fazer longo percurso sozinho. Se estiver em uma competição, você está, de certa forma, protegido pela estrutura de apoio da organização, mas em pedais normais, você está completamente indefeso.
- Evite exigir demais da sua condição física.
- Cuidado ao atravessar ou percorrer rodovias em trajetos longos. Seu corpo estará cansado, e suas percepções sensoriais não estarão funcionando na totalidade. Fique atento ao trânsito de veículos, e mantenha-se sempre na mão do fluxo.
- Mantenha a manutenção da sua bicicleta sempre impecável. Não espere uma peça apresentar sinais acentuados de desgaste, principalmente pneus, corrente, coroas, cassete, rolamentos e cabos de freios ou marchas.
- Não perturbe o ambiente: Seja cortês com os habitantes locais, não destrua recursos de irrigação (mangueiras, cursos d´água, etc) e não perturbe a vida animal ou vegetal.
- Procure fazer com que os ciclistas sejam sempre bem vistos e queridos pela população local. Só assim é possível manter as vias de acesso sempre abertas a nós.

Com informações BikeBros.com.br

Fotos: Itiberê Sales Fontenele

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