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29 de março de 2015

Fiéis católicos e os sacrifícios pessoais durante a Quaresma

Jejum, oração e esmola são práticas recomendadas para o período. "É válido se abrir à criatividade e personalizar o jejum", observa o padre Silvio Scopel, da comunidade católica Shalom. 

A prática é mais comum entre os jovens, e a proposta alia os sacrifícios diários à oração e à caridade. “O dinheiro do refrigerante que você deixa de tomar pode ser doado aos mais pobres”, exemplifica. Ainda conforme o sacerdote, o católico vive a penitência para se unir ao sofrimento de Jesus, além de exercer o autodomínio e buscar ser uma pessoa melhor.

Nem sempre é fácil. E se o propósito assumido para a Quaresma é quebrado, o fiel aposta na misericórdia divina. “Você pode se arrepender e optar por uma confissão. E recomeçar”, aconselha o padre. A ideia de não ver televisão tem desafiado a estudante Virgínia Coutinho, 40. Quando fraqueja, lembra que mudança de vida é uma construção. “Todos os dias temos chance de recomeçar, então a gente segue”. A paixão pelos filmes faziam com que ela perdesse horas de sono na madrugada. Não ver novelas ou programas o dia todo é forma de equilibrar os hábitos, além de criar mais tempo de rezar e conviver com familiares.

Olhar para o outro com mais calma e perseguir a caridade acabou sendo o resultado para Aline Monteiro, 26. É a primeira vez que a estudante usa uma atitude como penitência: ela se esforça para não tecer comentários que julgam o próximo. “É um exercício. Em vez de falar e apontar as falhas das pessoas, a gente acaba buscando tratar melhor, conversar com ela quando necessário”, explica. Há momentos de recaída, e a força vem da oração e do jejum de carne. Envolvida no espetáculo A Paixão de Cristo, do Shalom, ela conta que o sofrimento e vida de Jesus dão mais inspiração para viver bem o período.

Com a Semana Santa, iniciada hoje, ficam contados os dias de penitências assumidas na Quaresma. Há quem leve os sacrifícios até a Quinta ou o Sábado Santo. Experiência completa é levar o aprendizado para o resto do ano. “Jesus passou 40 dias no deserto e teve certamente alguma mudança. Não adianta voltarmos a ser a pessoa velha”, reflete Virgínia.

Do cotidiano, ela pretende eliminar novelas, programas policiais e seriados que considera inadequados. A proposta do David é não ser dependente das redes sociais no futuro. Aline também quer ir além: “Vou controlar a língua ao máximo e quero levar isso pra vida”, promete.

David Welly, 27, fechou a conta do Facebook e desinstalou o Whatsapp. Deixou o Instagram ficar, pois administra o perfil do grupo de jovens Pentecostes, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima. Então fez o compromisso de parar com curtidas, comentários e publicações próprias. Sair das redes sociais por 40 dias foi a penitência deste ano para ele, depois de tantas vezes abrindo mão do refrigerante.

Quando chega em casa, David já não gasta muito tempo no celular e consegue se dedicar mais a orações e estudo de temas para a catequese. Sem os aplicativos, deixou de ver os amigos combinando saídas e aniversários. Rompeu o contato virtual com os alunos de francês. No entanto, vê sentido nas perdas. “Um dos objetivos é saber que você vive sem aquele hábito”, conta. Escolheu a penitência diferente por não conseguir deixar a carne vermelha na sexta-feira, como orienta a Igreja.

Com informações O Povo Online

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