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28 de setembro de 2017

"Questão de sobrevivência" por Erico Firmo

Muita gente não entendeu o porquê de o PT ir contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor de Aécio Neves (PSDB) na decisão que afastou o tucano.

O partido, na verdade, reafirmou posição que já havia adotado na época da prisão de Delcídio do Amaral. Em relação a Aécio, há mais que coerência. O partido sabe que foi com ele ontem e pode ser de novo amanhã.

Pelo menos seis dos nove senadores do partido são investigados ou tiveram algum tipo de menção na Lava Jato: Humberto Costa, Jorge Viana, Lindbergh Farias, Fátima Bezerra, Paulo Rocha e até a presidente nacional petista, Gleisi Hoffmann (foto).

A decisão do STF sobre Aécio Neves foi estranha. O tucano não teve prisão decretada. Isso só poderia ocorrer em caso de flagrante por crime inafiançável. Ainda assim, a decisão precisaria ser submetida ao Senado. Porém, ele está impedido de sair de casa a noite. Muito parecido com prisão em regime semiaberto.

O ministro autor do voto, Luís Roberto Barroso, justifica que não houve prisão, mas decretação de medida cautelar que, aliás, havia sido imposta antes pelo ministro Edson Fachin e posteriormente revogada. Pode fazer sentido, mas é uma tese polêmica.

Ocorre que, fiel ao seu estilo, o ministro Gilmar Mendes pegou muito pesado com decisões que o contrariam da parte de seus colegas de tribunal. Afirmou que a determinação sobre Aécio se deu porque “a turma começa a poetizar”. Foi mais longe: “Começa a ter um tipo de comportamento, vamos dizer assim, suspeito”.

Comportamento suspeito de uma turma inteira do STF? É insinuação grave vinda de um ministro.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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