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15 de novembro de 2017

"Eleição virou corrida de cavalos?" por Fernando Brito

Leonel Brizola sempre repetia que eleição “não é corrida de cavalos”, onde se coloca competidores e se aposta de acordo com as conveniências. Ou, como dizem os gaúchos sobre as corridas “de cancha reta” que se faz por lá, não é a simples vontade de “pôr o petiço na penca”.

Mas está virando isso, no Brasil, infelizmente. Candidatos de si mesmos, partido escolhido no cardápio de siglas que não representam nada – a redução de um ano para seis meses do prazo de filiação foi feita, deliberadamente, para esta loteria.


Se nos afastarmos um pouco que seja e raciocinarmos, veremos que tudo está se passando assim, com “pré-candidatos” se exibindo como cavalos fazem no canter, aquele passeio que dão na frente dos apostadores.

O Huck vai ou não vai? Por onde, ninguém sabe e não importa. E o Joaquim Barbosa, que ninguém sabe se, como o folclórico Dadá Maravilha, que fez que ia, não foi e acabou “fondo“? E, para ” viajar num lance de ficção política”, como sugere hoje Elio Gáspari,  Sérgio Moro vem candidato? Se vier, por onde?

O estreante Doria quis correr antes da hora e tropeçou; o xucro Bolsonaro procura dominar os coices, mas os solta, incontrolável, como fez ontem com Miriam Leitão.

O processo político brasileiro, que os arautos da mídia proclamam a cada dez minutos precisa ser moralizado e desenvolvido com espírito público e transparência, pode ser sadio se for praticado assim, com chicanas, negócios e conversas obscuras, indefinições oportunistas?

Quem mente e se aproveita das sombras para ser candidato será diferente como governante?

A elite brasileira e grande parte dos políticos que a servem não trata a eleição como a escolha dos caminhos que o país deve seguir, porque isso não lhes importa, importa apenas manter seus privilégios e seu mundo de riqueza, de  hipocrisia e de segregação.

Como são minoria, dependem desesperadamente de algo que possa iludir as pessoas simples, de uma figura qualquer que lhes desvie a atenção do que de fato se disputa: não um cargo, mas um destino para o Brasil.

Eles, os donos da verdade, procuram desesperadamente uma mentira que funcione.

Como não acham, terão de apelar para que três senhores bem pagos, no silêncio de seus gabinetes no tribunal, decidam por mais de 100 milhões de brasileiros.

Publicado originalmente no portal Carta Capital

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