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13 de janeiro de 2018

Bolsonaro: a desconstrução de um "mito" por Ítalo Coriolano

A única qualidade que o deputado federal Jair Bolsonaro (ainda PSC, futuro PSL) parecia possuir e tentava vender para fortalecer sua candidatura a Presidente da República, a honestidade, está desmoronando mais facilmente que castelo de areia em dia de ventania. 

O abrupto aumento patrimonial dele e dos filhos não condizente com a renda adquirida dentro da carreira política, fora os tortos negócios na área imobiliária, é um grave fato para quem se colocava acima do bem e do mal em termos éticos. 

O parlamentar tenta de todas as formas se justificar, mas até agora não apresentou nada além de arroubos e vitimismos que deixam sua situação ainda mais complicada. A cada dia mais um Donald Trump em versão piorada.

Se não é honesto, o que resta a Bolsonaro de positivo? Absolutamente nada. Sua trajetória como deputado ao longo dos últimos 26 anos é pífia. Apresentou 117 projetos – muito pouco para tanto tempo -, e só conseguiu ver aprovados dois deles. 

Como ser humano, se mostra como uma das figuras mais deploráveis do campo conservador, flertando com ideias fascistas: é defensor da ditadura militar, fez apologia à tortura e ao estupro, comparou negros quilombolas a bois “que não servem nem para procriar”, disse que “ter filho gay é falta de porrada”, declarou que filhos não “correm risco” de casar com negras porque foram “muito bem educados” e afirmou que teve uma filha mulher por “fraquejada”. Nada de “fake news”, como ele e sua militância cega costumam rebater. Basta uma simples pesquisa no YouTube.

Capacidade intelectual para administrar um País com as dimensões e os desafios do Brasil Jair já demonstrou que também não possui. As recentes entrevistas concedidas a programas de algumas emissoras de TV são um verdadeiro festival de vergonha alheia.

O cenário atual de descrédito na política brasileira, de terra arrasada, é propício para o surgimento de figuras como a citada acima. A população está desiludida, preparada para a radicalização. No último domingo, por exemplo, um motorista de táxi me confessava que “já havia votado em um sociólogo (FHC), em um metalúrgico (Lula) e até em uma guerrilheira (Dilma)”. E que, diante das decepções, agora era a vez “de dar chance a um maluco”. 

No caso, Bolsonaro. Revolta compreensível, mas nada que um pouco de diálogo não seja capaz de resolver. É isso o que precisamos fazer a partir de agora. Muitas vezes as pessoas estão carentes de informação, se deixando cair no discurso fácil. Achando que está tudo perdido. Não está. Surgirão alternativas que não estão manchadas pela lama da corrupção e com espírito público capaz de levar o Brasil para caminhos melhores. 

O “mito” idolatrado por alguns se encaixa muito mais no conceito filosófico de algo longe da realidade, ausente de razão, do que na ideia de alguém extraordinário, único. Pode ser facilmente desconstruído. Basta um pouco de reflexão.


Publicado originalmente no portal O Povo Online

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