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5 de abril de 2018

Fala de comandante reacende debate sobre a atuação das Forças Armadas


Menos de uma semana após o golpe militar de 1964 completar 54 anos, um tweet do comandante-geral do Exército, Eduardo Villas Bôas, dividiu o País e reacendeu debate sobre a fragilidade da democracia brasileira e os limites de atuação das Forças Armadas.

Em página nas redes sociais, Villas Bôas escreveu na noite de terça-feira que o Exército “repudia a impunidade” e está “atento às suas missões”. Publicada às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Supremo Tribunal Federal (STF), a mensagem foi interpretada como forma de pressão sobre a Corte e dividiu opiniões.

“É algo extremamente perigoso”, diz a historiadora Maria Aparecida de Aquino, da Universidade de São Paulo (USP). “Membros do Exército não podem, até pelas regras deles, fazer interferências nem dar essas opiniões. Além disso, é bastante grave que aconteça justo agora, quando muita coisa ilegal tem sido feita com aspectos de legalidade”, diz.

A professora destaca que, à época do golpe militar de 1964, diversos setores da sociedade defenderam a ação por acreditarem que se trataria de uma intervenção “pontual” de curta duração. “Muita gente acreditou no discurso que seria algo pontual, só para ‘arrumar a bagunça’, como se tem dito muito hoje. Deu no que deu”, afirma.

As declarações de Villas Bôas dividiram pré-candidatos à Presidência, com pelo menos seis deles criticando, ainda que de forma velada, o general e outros dois o apoiando. “O comandante do Exército está chantageando o STF e fazendo ameaças veladas? É isso mesmo?”, questionou o candidato do Psol, Guilherme Boulos.

Já Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e Álvaro Dias (Podemos-PR), também presidenciáveis, endossaram a fala. “O general Vilas Bôas coloca o Exército brasileiro em sintonia com o desejo do nosso povo de ver nascer nova justiça onde todos serão iguais perante a lei”, diz Dias.

Mesmo opositores ao PT, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e o ministro da Fazenda, Henrique Meireles (MDB), criticaram fala do general. Maia disse que, se o Exército quisesse, deveria ter se manifestado institucionalmente. “O ideal é que os comandantes, respeitado a hierarquia, tivessem um cuidado maior. Acho que da forma como foi feito, gerou especulação”.

Na tarde de ontem, a Procuradoria da República no Distrito Federal intimou ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna, cobrando explicações pelas falas do comandante. Pela manhã, grupo de 150 juristas e outro de 23 senadores lançaram notas em defesa da democracia.

Em boletim interno à Força Área, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato, repercutiu afirmações de Villas Bôas. Ele destacou que o povo está “polarizado” e ordenou subordinados a respeitar a Constituição e não se “empolgar a ponto de colocar convicções pessoais acima das instituições”.

Com informações portal O Povo Online

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