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6 de maio de 2018

“E quando os obstáculos geram um desejo forte de desistir?” por Francisco Dirceu Barros


Certo dia, fui fazer a terceira fase de um concurso para ingresso no Ministério Público. Precisava tirar nota 5,0. Dos 8.700 candidatos, havia apenas 128, e eu estava entre os dez primeiros colocados.

Resultado: fui reprovado porque tirei a seguinte nota: 4,98. (Seria aprovado com 5,00).

Essa poderia ter sido uma história de fracasso, se eu não tivesse em mente:
a) um grande sonho – tornar-me Promotor de Justiça;
b) humildade para começar tudo de novo;
c) determinação e capacidade de renúncia; e
d) noção de que cada fracasso é uma bênção disfarçada, pois nos dá sempre uma lição que, de outra maneira, talvez nunca aprendêssemos.

Quase todos os fracassos são apenas derrotas temporárias e, se nós somos capazes de ter o erro como aliado, vamos logo perceber que nenhum homem terá chance para desfrutar um triunfo permanente se não começar por olhar-se em um espelho para descobrir a causa real de todos os seus erros.

Ao repensar a prova – objeto da reprovação supramencionada –, tive uma grande surpresa: das quatro questões, simplesmente não resolvi uma questão de Direito Eleitoral, perdi pontos e saí reprovado por 0,02.

Os meus amigos do grupo de estudo, que puderam testemunhar o meu esforço quase sobre-humano, os anos de estudo e o tempo que passei só alimentando um ideal, foram todos unânimes: “isso não é possível”, “todo concurso é desse jeito”, “não vamos mais estudar”, e eu, naquele momento de tristeza, afirmei: “eu começo a estudar hoje mesmo e, um dia, ainda irei escrever um livro de Direito Eleitoral”.

A frase, dita como desabafo, mas em forma de brincadeira, ficou gravada no meu subconsciente e comecei a estudar, a fazer anotações e resoluções de questões que eram cobradas nos mais variados concursos jurídicos. Tempos depois, já tendo, enfim, assumido o cargo de Promotor de Justiça, percebi que a experiência que acumulei durante os vários anos, em conjunto com a grande aprendizagem que auferi, lecionando em cursos preparatórios para ingresso nas principais carreiras jurídicas, deveria ser repassada para jovens que sonham em passar em concurso público. Surgiu assim a série de livros destinados a concursos jurídicos.

Foi assim, também, que tornei o Direito Eleitoral uma das minhas matérias favoritas; e, na lição, aprendi que quem vai prestar concurso público não pode discriminar nenhuma matéria tampouco ser especialista em uma determinada área.

Tinha especialização em duas áreas, mestrado em outra; na universidade, já havia lecionado oito disciplinas diferentes, e saí reprovado em uma matéria que achava de pouca importância. Hoje, tenho certeza de que o Direito Eleitoral não é só importante para os concursos, é também essencial para o resgate da cidadania e o aperfeiçoamento do regime democrático.

Para você que já tentou, mas não conseguiu passar em um concurso, forneço-lhe dez dicas retiradas do livro Os segredos do sucesso nos concursos públicos, da Editora JH Mizuno, e do livro Carta aos concursandos, escrito em coautoria com o amigo William Douglas (O guru dos concursos):

1. Não desista, encare os obstáculos com serenidade, como um degrau. Algo que, quando superado, deixará você em um nível superior. Lembre-se de que o caminho mais fácil para não conseguir é desistir.

2. Saiba que tudo tem um propósito. Se Deus demora a atender seu pedido, é porque Ele tem uma missão: fazer endurecer mais a nossa resistência espiritual por meio da espera ou, então, Ele quer fazer um milagre maior. Tudo tem seu tempo e as demoras de Deus são sempre propositadas.

3. Faça como eu fiz: peça a Deus, mas faça sua parte, erga a cabeça, siga em frente, com mais garra, mais disciplina, mais determinação e com muita humildade.
Afinal, toda derrota se transformará numa lição aproveitável, se tivermos humildade para reconhecer e identificar o erro e aprender com ele. A adversidade é, em geral, uma grande bênção disfarçada de oportunidade. Sem fracassos e derrotas temporárias, jamais conseguiremos evoluir, não há vitória sem luta, sem dor, sem muito sacrifício, e, se não fosse a escuridão, você jamais saberia o que é luz.

 4. Não confunda sua mente, não fique fazendo concursos em todos os níveis, você tem que ter um objetivo claro, direcionado. Não esqueça que tudo é possível à pessoa que tem um propósito definido.

5. Reveja sua estratégia de estudos. Com a estratégia errada, você perde muito tempo. No livro “Os segredos do Sucesso nos Concursos Públicos” (www.editorajhmizuno.com.br), forneço uma ótima estratégia de estudo para você ganhar tempo e qualidade de estudo.

6. Identifique no que você foi reprovado e se especialize em suas deficiências. É um erro grave e fatal querer estudar apenas aquilo de que se gosta; nossa mente não tem limite, nós podemos gostar e aprender de tudo.

7. O importante é passar, e não é estritamente necessário que seja da primeira vez. Você sabia que eu e até o campeão dos concursos, William Douglas, já saímos reprovados em um concurso?
Imagine agora o que eu estaria escrevendo, se tivesse desistido no primeiro obstáculo.
Lembre-se de que pessoas vencedoras entendem que os obstáculos são para a mente aquilo que os exercícios são para os músculos, e desenvolvem nela a resistência e o poder da superação. Não faça concurso para passar, faça concursos até passar.

8. Estude por livros especializados em concursos jurídicos.

9. Acredite em você, mas saiba que tudo tem um tempo. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;”(Eclesiastes 3:3).

10. Lembre-se de que, dentro de você, há um poder ilimitado, que é ativado pela fé, na qual podemos tudo. Jesus Cristo disse: “Se tens fé, cumpre saberes que tudo é possível àquele que a tem.”

Ele disse tudo; portanto, o poder da fé é tão grande, que, se seu ideal for justo, não existe obstáculo instransponível, nós podemos tudo naquele que nos fortalece. Peça com convicção e acredite na realização, pois a sentença é absoluta: “por isso, vos digo que tudo quanto pedires em oração, crede que receberás, e assim será para convosco”, afinal, o homem é tão grande quanto a medida de sua fé. Assim, se meditarmos longo tempo e com suficiente intensidade de fé em alguma coisa, essa coisa tende a materializar-se.

Tenho uma frase como um norte de minhas atitudes: “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração” (Colossenses 3:23); e foi com o coração aberto e despido de quaisquer virtudes e pretensões prepotentes que elaborei este trabalho, que tem como fim precípuo ajudar meu semelhante a também consolidar o seu ideal, mesmo tendo plena consciência de que estou apenas apontando o caminho – o caminhar será feito com seus passos, pois, como Galileu dizia: “Não se pode ensinar tudo a alguém; pode-se apenas ajudá-lo a encontrar por si mesmo.”

Espero, sinceramente, que esteja contribuindo com a efetivação do seu sonho, e, se ele for verdadeiro, um dia você vai realizá-lo. Seja persistente, saiba recomeçar e nunca desista do seu ideal. Afinal, como dizia Thomas Edison: “Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.”

Lembra do motivo da minha reprovação?

Hoje foi lançada a 14ª edição do livro “Direito eleitoral” (www.editorametodo.com.br), o livro de direito eleitoral mais vendido do Brasil no segmento concursos públicos, justamente a matéria que um dia foi objeto da minha reprovação.

Também foi lançada a 3ª edição do Manual de Prática Eleitoral (www.editorajhmizuno.com.br).


Um milagre??
Não, apenas porque eu sei que: NÃO IMPORTA O QUE ACONTECE; O QUE IMPORTA É COMO VOCÊ REAGE AO QUE ACONTECE.

Sorte?
Não. Sorte é apenas o encontro da preparação com a oportunidade. Lute por seu sonho, resista, persista, prepare-se com muita antecedência que quando a oportunidade chegar você terá “sorte”.

Entre você e seu sonho acontecerão muitas coisas, mas lembre-se:

DESISTIR NUNCA PODE SER UMA OPÇÃO!!!

“Mas o justo viverá pela fé! Contudo, se retroceder, minha alma não se agradará dele. Nós, entretanto, não somos dos que regridem para a perdição; mas sim, dos que creem e, salvos, seguem avante”. (Hb 10:38).

Publicado originalmente no portal Jus

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