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30 de setembro de 2018

Liderado por mulheres, movimento "Ele Não" vai às ruas em Fortaleza

Participantes criticaram o fascismo que atribuem ao presidenciável (Aurelio Alves)
Com perfis e bandeiras diversas, milhares de pessoas se uniram em manifestação liderada por mulheres contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, na tarde de ontem (29/09) em Fortaleza . Nas palavras de ordem, faixas e camisetas, o movimento combateu o fascismo, a homofobia, o racismo e o machismo representados, segundo os grupos, pelo ex-capitão do exército brasileiro.
O ato partiu do Centro Cultural Belchior, na região conhecida como Praia do Crush, às 15 horas, e seguiu em caminhada até o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A manifestação reuniu cerca de 50 mil pessoas, conforme a organização.

Duas faixas da avenida Almirante Barroso ficaram ocupadas pelas manifestantes, se estendendo por pelo menos dez quarteirões da via. A manifestação reuniu eleitores de diversas candidaturas ao Palácio do Planalto, como Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (Psol) e Vera Lúcia (PSTU). Além de representações de movimentos sociais e partidos políticos, o evento foi marcado pela presença de famílias, com crianças e idosos.

Cartazes faziam menção ao feminismo e alusão a frases ditas por Bolsonaro (Foto: Mateus Dantas)
A hashtag #EleNão, que surgiu na internet, agora toma as ruas a uma semana da eleição. Durante a caminhada, muitos tiravam fotos com a aposentada Margarida Pinheiro, 79, que vestia uma camisa estampada com frase "lute como uma vó". "Estou com a minha filha, minhas amigas e com todas as mulheres indignadas, contra o retrocesso, o machismo, a homofobia. Tinha muita blusa 'lute como uma menina', eu sou avó, vamos lutar que nem avó", contou.

Acompanhada das filhas, do marido e da mãe, Ana Carvalho, 45, recorda as histórias da época da ditadura como motivação para manifestar. "Minha mãe era estudante, fui criada escutando as histórias de repressão que ela passou. Acompanhei as conquistas que nós tivemos, não vamos aceitar retroceder. Eu não vou permitir que a gente volte à isso, nem minhas filhas", conta. Ao que a mãe, Benedita Carvalho, 71, reforça: "Estou aqui para pedir a Deus força a essa juventude, que tenha garra de exigir os seus direitos, de ser o que é.Não vai ser um poder que vai tirar o seu eu. Eu sou ainda a Benedita de 1974, quando eu estava frustrada porque não podia ir às ruas e hoje eu tô aqui".

A advogada Beatriz Furtado afirmou que saiu às ruas para protestar porque a candidatura do PSL "não representa as mulheres, os negros e nada do que a gente quer para o nosso futuro".
 
Homens também empunharam cartazes com #EleNão (Foto: Mateus Dantas)
O jornal O POVO identificou pelo menos três candidaturas ao Governo do Estado: Ailton Lopes (Psol), Francisco Gonzaga (PSTU) e Izolda Cela (do PDT, vice na chapa encabeçada pelo governador Camilo Santana, do PT). De acordo com o candidato do Psol, o ato de ontem é um "levante daquelas pessoas que amam a democracia e que lutam por mais direitos. É dizer que o gênero, a sexualidade, a cor não nos divide".

O candidato Francisco Gonzaga declarou que o "ato demonstra uma reação das mulheres às declarações machistas e homofóbicas de Bolsonaro. É muito importante a unidade dos trabalhadores contra esse tipo de declaração". A vice-governadora, Izolda Cela, que tenta reeleição, criticou a candidatura do capitão reformado durante o movimento.

"Fala em armar a população, que tem discurso preconceituoso, debochado, que fala de forma desrespeitosa em relação às mulheres, que chama feminicídio de mimimi, que usa como gestual de sua campanha o movimento de atirar, que faz isso com criança. Tem um repertório de questões que afetam e agridem o padrão moral básico da dignidade humana", disse a vice-governadora.

Com informações portal O Povo Online

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