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12 de março de 2019

Portal francês confirma que Bolsonaro compartilhou informações são falsas


O portal francês Mediapart, que originou ataques à repórter do jornal O Estado de S. Paulo, Constança Rezende, disse na tarde de ontem que são falsas as acusações repercutidas por Jair Bolsonaro na noite do último domingo (10/03). O portal francês também se solidarizou com Constança.

Em sua conta no Twitter, o presidente publicou vídeo com áudio da repórter e afirmou que Constança teria dito "querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o Impeachment do Presidente Jair Bolsonaro. Ela é filha de Chico Otavio, profissional do 'O Globo'. Querem derrubar o Governo, com chantagens, desinformações e vazamentos."

O áudio é de uma conversa de Constança Rezende, com Alex MacAllister, que se apresentou como estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre o Donald Trump e Bolsonaro. A gravação do diálogo, porém, mostra que a repórter em nenhum momento fala em "intenção" de arruinar o governo ou o presidente. A conversa, em inglês, tem frases truncadas e com pausas, além de apenas partes selecionadas da conversa terem sido divulgadas.

Em um dos trechos, a repórter avalia que "o caso pode comprometer" e "está arruinando Bolsonaro", mas não relaciona seu trabalho a nenhuma intenção nesse sentido. A suposta declaração de Constança Rezende foi publicada inicialmente no site Terça Livre, que reúne ativistas conservadores e simpatizantes de Bolsonaro, a partir de publicação no site Mediapart. A 'denúncia' seria de um jornalista francês, identificado como Jawad Rhalib, a partir da gravação da conversa da repórter com Alex MacAllister.

Contudo, o texto, intitulado "Para onde vai a imprensa?", foi publicado em uma seção do site chamada "Le Club", uma espécie de fórum online no qual internautas podem manter blogs próprios. O Mediapart ressaltou, também por meio do Twitter, que "as informações publicadas no 'club de Mediapart', que serviram de base para o tweet de @jairbolsonaro, são falsas". "O artigo é de responsabilidade do autor e o blog é independente da redação do jornal", completou a publicação.

Diversas organizações repudiaram o ataque de Bolsonaro à repórter. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) assinaram nota conjunta onde "lamentam que o presidente reproduza pelas redes sociais informações deturpadas e deliberadamente distorcidas com o sentido de intimidar a jornalista e a liberdade de expressão". "Os ataques à repórter têm o objetivo de desqualificar o trabalho jornalístico, fundamental para os cidadãos e a própria democracia", critica a nota.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também divulgaram nota. Nela, afirmam que o tweet de Bolsonaro trata de "um novo ataque público à imprensa" e o "uso de sua posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e jornalistas". Bolsonaro não se manifestou sobre as acusações de que a publicação realizada em sua conta são falsas. 

A repórter Constança Rezende se afastou das redes sociais devido a ameaças de apoiadores do presidente a ela e a sua família.

Com informações portal O Povo Online


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