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27 de abril de 2019

Brasil tem sido governado por um bando de maluco, diz Lula

O ex-presidente Lula durante entrevista exclusiva à Folha e ao jornal El País, na sede da Polícia Federal, em Curitiba (Foto: Marlene Bergamo)
Com semblante sério, sem poder chegar perto dos entrevistados, calçando tênis, e vestindo camisa social, calça jeans e paletó cinza, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu primeira entrevista desde sua prisão, em abril do ano passado. Aos jornais "Folha de S.Paulo" e "El País", em entrevista concedida ontem e publicada nos sites das duas publicações, disse que o Brasil precisa fazer uma autocrítica e tem sido governado "por um bando de maluco".

"Vamos fazer uma autocrítica geral neste País. O que não pode é este País estar governado por esse bando de maluco. O País não merece isso, e sobretudo o povo não merece isso", disse o ex-presidente.

Sobre o presidente Jair Bolsonaro (PSL), teceu críticas, ainda que não taxativas, e afirmou que "ou ele constrói um partido sólido, ou não perdura".

Em alusão às recentes mudanças na postura da diplomacia e dos acordos internacionais, Lula falou sobre como o País era respeitado no Mundo em seu mandato e como era tecido, à época, as relações com países vizinhos da América do Sul com finalidade de se tornar um bloco competitivo, em relação às potencias da economia mundial.

Aos jornalistas, Lula afirmou que era "grato" à solidariedade do vice-presidente Hamilton Mourão quando da morte do neto dele, Arthur,7. O ex-presidente disse que, se sair da prisão, quer "conversar com os militares" para entender o ódio ao PT.

O petista criticou ainda o ministro da Justiça, Sergio Moro. Para ele, o ex-juiz, que o condenou à prisão, "não sobrevive na política". "Eu tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que o (Deltan) Dallagnol não dorme, que o Moro não dorme". Lula ironizou o fato de o ministro Moro ter, em entrevista recente, pronunciado a palavra "cônjuge" de forma errada. 

"Sempre riram de mim porque eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha", disse. Lula relembrou o momento da prisão, em que correligionários se dividiram quanto a ele se entregar a Polícia Federal. Ele afirmou que decidiu se entregar para provar sua inocência com dignidade. 

"Fico preso cem anos. Mas não troco minha dignidade pela minha liberdade". Relembrando julgamentos de questões polêmicas no Supremo Tribunal Federal (STF), Lula reforçou esperar que decisão sobre seu caso se ativesse às provas.

A entrevista teve duração de duas hora e dez minutos e, segundo o relato dos jornais, os jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas tiveram de ficar a quatro metros do ex-presidente. Lula respondeu às perguntas diante de uma mesa, da qual os entrevistadores não podiam se aproximar. A PF informou aos presentes que a medida era o cumprimento de um protocolo de segurança comum a todos os presos. (Com agências)

Entrevista
A entrevista foi concedida aos jornalistas Florestan Fernandes e Mônica Bergamo. Antes das perguntas, Lula pediu para fazer um "minipronunciamento" sobre "seu caso" e o sobre o "caso do Brasil".

Emoção
Sério no início da conversa, Lula se emocionou quando questionado sobre as mortes de seu irmão Vavá e do neto Arthur. "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Porque eu já vivi 73 anos, eu poderia morrer e deixar meu neto viver", disse.

Com informações portal O Povo Online

O portal do Instituto Lula publicou os videos das duas entrevistas. Clique aqui e confira.

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