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21 de junho de 2019

Depois de conselho de Moro, MPF mudou procuradora em audiência de Lula, diz The Intercept


Troca de mensagens entre os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima mostra que a também procuradora Laura Tessler foi substituída na audiência do ex-presidente Lula após críticas do então juiz Sergio Moro.

As informações, que fazem parte dos dados obtidos por The Intercept Brasil, foram reveladas ontem (20/06) pelo jornalista Reinaldo Azevedo, em seu programa na rádio BandNews. Segundo o diálogo mostrado por Azevedo, Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, encaminhou a Santos Lima uma observação feita por Moro sobre o desempenho de Tessler em março de 2017.

"Prezado, a colega Laura Tessler de vocês é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem", disse o ex-magistrado e hoje titular do Ministério da Justiça. "Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem."

Na última quarta-feira, em sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Moro admitiu o conselho quando questionado por um parlamentar, mas negou que tenha interferido nas estratégias do Ministério Público Federal (MPF).

Dirigindo-se a Nelsinho Trade (PSD), que o interpelara, o ministro respondeu: "Senador, pelo teor das mensagens, se elas forem autênticas, não têm nada de anormal nessas comunicações. O exemplo que vossa excelência colocou é o claro exemplo de um factoide".

As conversas expostas por Azevedo ontem, porém, indicam que o conselho do ex-juiz foi levado a sério pelos integrantes da Lava Jato. Antes de repassar a avaliação de Moro a Santos Lima, Dallagnol demonstrou preocupação com a segurança.

"Não comenta com ninguém e me assegura que teu Telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo", escreveu o coordenador da força-tarefa em Curitiba.

Em seguida, enviou a mensagem do ex-magistrado sobre Laura e acrescentou: "Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2 (procuradores), e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela". Santos Lima devolveu: "Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer".

Em maio daquele ano, quando o ex-presidente Lula depôs na Justiça Federal no caso do triplex de Guarujá, pelo qual seria condenado a 12 anos de prisão, a procuradora Laura Tessler não participou. Naquela ocasião, integraram a equipe do MPF Júlio Noronha e Roberson Pozzobon.

Até o fim da noite de ontem, o Ministério da Justiça não havia se manifestado oficialmente sobre as suspeitas. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não tratou do assunto.

Com informações portal O Povo Online

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