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6 de julho de 2019

Bolsonaro não entendeu que não se governa de orelhada por Fernando Brito


Mais um factóide demagógico do governo Bolsonaro cai por terra. O presidente que ia acabar com os radares de estradas vai instalá-los aos milhares. Não quis trabalhar uma legislação que o fizesse ser mais criteriosos e leais para com os motoristas, aumentando os níveis de advertência. 

Afinal, se o objetivo não é a indústria da multa, mas a segurança nos trechos críticos das estradas, em que isso se impediria?

Mas Jair Bolsonaro é um energúmeno, que pensa que vai se mover e promover com bravatas, que conseguem a adesão de outros energúmenos.

Não importa que essa pantomima vá dar com os burros n’água na Justiça ou no Congresso. Junta-se gente feroz e eles cederão, talvez espere ele.

Como domingo, no Maracanã tornado em Coliseu, para que os polegares para cima mandem que Moro viva, porque tudo e justifica se for para combater o “inimigo”.

Bolsonaro, reconheça-se, teve este poder estranho, o de galvanizar a imbecilidade e levá-la, por um curto espaço de tempo, a tornar-se majoritária.

A estupidez tem um porta-voz quase diário no presidente. Ontem mesmo, nesta história do trabalho infantil, apresentando-se como um colhedor de milho aos nove anos, o que seu irmão desmente dizendo que o pai não os deixava trabalhar, por simples demagogia.

Não cabe sequer discutir, tamanho o absurdo. Basta perguntar se é isso que queremos para nossos filhos. O que importa é entender as consequências de termos sido levados a isso. E como reagir.

Não foi apenas um surto de estupidez – que felizmente já se observa em declínio – porque deixou sequelas de longa duração nas instituições e na representação política.

Mas, pelo efeito inverso, também nos faz recuperar a sanidade, deixar de lado os delírios de que nossas pequenas querelas são o mais importante e o que nos separa, quanto tanto, tanto amor pela convivência humana nos une.

Talvez, como nos casos dos radares, precisemos ver as placas que nos aconselhem a controlar a velocidade dos nossos desejos para que, como sofremos de tempos para cá, desastres não nos interrompam a viagem.

Publicado originalmente no portal Tijolaço


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