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3 de setembro de 2019

Suplentes assumem mandato na Assembleia Legislativa

Deputado Oriel Nunes Filho toma posse durante a sessão plenária (Foto: Edson Júnior Pio)
Quando o suplente do PDT Oriel Nunes Filho foi empossado deputado estadual, última quinta-feira, 29, um dos compartimentos da Assembleia que dá vista para o Plenário estava lotado. Familiares, amigos e aliados prestigiaram o jovem, que, aos 32 anos, chega ao primeiro mandato político. Vindo de linhagem tradicional na política de Icó, a 361 km de Fortaleza, o agora deputado decidiu juntar os sobrenomes Nunes e Filho. A Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) permite o máximo de dois nomes. Não quis, então, perder o "Nunes", que o identifica como membro da família que hoje governa aquela cidade, nem o "Filho", já que o pai, ex-deputado estadual e ex-prefeito, atende pelo mesmo nome.

Oriel Nunes, o filho, integra movimento comumente chamado "dança das cadeiras". Na maior parte das vezes motivada por acordos — porque suplentes, com os votos que recebem, ajudam a eleger os titulares — as alterações têm sido comuns na Assembleia Legislativa.

Os sete deputados empossados na atual legislatura (ver infográfico) representam 15,2% das 46 cadeiras do parlamento. Deles, apenas Manoel Duca (PDT), Lucílvio Girão (PP) e Edilardo Eufrásio (MDB) acumulam anos na estrada política. Como comparação, 16 suplentes assumiram assentos na Assembleia nos quatro anos da última Legislatura (2015-2018). No período correlato ao dos atuais mandatos (setembro de 2015), foram duas trocas no Parlamento.

Os outros quatro suplentes atuais ou só se envolviam com a política interiorana — sem ter mandato — ou não tinham relação alguma com a política. Em alguns casos, para conquistar o eleitorado, recorreram ao uso de nomes exóticos. Além da junção do sobrenome Nunesfilho, há os casos de Gordim Araújo (Patri) e Davi de Raimundão (MDB). Também figura a lista dos novatos o policial civil Tony Brito (Pros), que, se antes não se imaginava envolvido com política, agora diz ter "tomado gosto".

"Eu sempre gostei de política porque me criei ouvindo meu pai falar do que era política", relata Nunesfilho. "Você ser político, você exercer um cargo público, é você ajudar as pessoas sem pegar o seu dinheiro e dar a elas", complementa sobre o que diz ter sido o ensinamento do pai, falecido no ano passado.

Pelo mesmo motivo de Nunesfilho, Davi somou à identidade política o nome do pai. De 1991 a 2004, Raimundão foi deputado estadual. Também deputou em Brasília, saindo da Câmara dos Deputados para assumir a prefeitura de Juazeiro do Norte, em 2013. Ali, no terceiro maior colegiado do Ceará, Raimundão também foi vice-prefeito.

"Com certeza é muito bom (levar o nome do pai). Se você tem um pai bom, por que não levar o nome dele? É uma honra". Questionado se a união de nomes foi útil no processo eleitoral, não vê problemas em afirmar que sim. "Quem iniciou tudo foi ele, eu entrei agora e ajudou demais. Quem é Davi? Quando diz 'de Raimundão'..." Para o emedebista, o mandato faz se sentir mais útil em relação à região (Cariri). Interpreta que se o Legislativo estadual é burocrático, é porque todo o País é. "É aceitar e desburocratizar", soluciona.

Correligionário de Davi, Edilardo Eufrásio, sustenta que os investimentos do "governo vão muito na área metropolitana, mas deveria ir mais ao Interior." A defesa dessa pauta, diz o emedebista, é o que norteará a atuação dele na Assembleia.

Gordim Araújo (Patri) é, na verdade, Elvilo Araujo. Ele explica que o apelido nasce no comércio, atividade que desempenha desde os 15 anos, no ramo de cereais. Os próprios clientes o apelidaram assim, ele relembra, negando qualquer incômodo. "Quando vim aqui para o plenário para registrar o nome, notei que uns colegas tiveram cerimônia de chamar Gordim", relata.

Ele diz ser ligado aos jovens e querer, num discurso recorrentemente usado pela classe política, trabalhar pelos menos favorecidos. Indagado sobre como se percebe no espectro ideológico, responde não ser de esquerda nem direita. "Eu sou daquela situação de 'não aconteceu', vamos se reunir numa sala e 'o que é que está faltando para acontecer?' Vamos resolver."

Gordim se soma à extensa base do governador Camilo Santana (PT) na Assembleia. "Nosso governador tem aceitação muito grande e a gente tende a compor com quem está acertando."

Tony Brito (Pros) o único novato opositor do governador petista. Ele se vê, por sinal, como um opositor inteligente. "Agora, recentemente, eu fui e parabenizei o programa de saúde para o nosso estado, que aumenta o número de hospitais e que dá uma injetada de R$ 600 milhões na saúde. Por que é que eu não tenho que elogiar?", aponta.

"DANÇA DAS CADEIRAS" NA ATUAL LEGISLATURA 2019-2022

LICENCIOU: Zezinho Albuquerque (PDT) / Tempo indeterminado - MOTIVO: Assumiu Secretaria das Cidades. ASSUMIU: Lucílvio Girão (PP)6/2/2019

LICENCIOU: Fernando Hugo (PP) / 150 dias - MOTIVO: problemas de saúde. ASSUMIU: Manoel Duca (PDT)22/2/2019

LICENCIOU: Soldado Noélio (Pros) / 120 dias - MOTIVO: Acordo. ASSUMIU: Tony Brito (Pros)4/7/2019

LICENCIOU: Bruno Pedrosa (PP) / 120 dias - MOTIVO: Diante da volta de Fernando Hugo, Duca tinha de ser acomodado na Casa. ASSUMIU: Manoel Duca (PDT) - 2/8/2019

LICENCIOU: Leonardo Araújo (MDB) / 120 dias - MOTIVO: Acordo ASSUMIU: Davi de Raimundão (MDB) - 8/8/2019

LICENCIOU: Bruno Gonçalves (Patri) / 120 dias - MOTIVO: Acordo. ASSUMIU: Gordim Araújo (Patri)14/8/2019

LICENCIOU: Agenor Neto (MDB) / 120 dias - MOTIVO: Acordo. ASSUMIU: Edilardo Eufrásio (MDB)20/8/2019

LICENCIOU: Osmar Baquit (PDT) - MOTIVO: Acordo. ASSUMIU: Oriel Nunesfilho (PDT)29//8/2019

Com informações portal O Povo Online

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