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18 de dezembro de 2020

Brasil volta a registrar mil mortos por Covid-19 em um dia

O Brasil voltou a registrar nesta quinta-feira, 17, mais de mil mortes pela Covid-19 em apenas 24 horas, o que não ocorria desde setembro. O avanço de infectados, de internações e óbitos ocorre no momento em que se multiplicam as cenas de ruas, lojas e praias lotadas e só 1/3 da população mantém o isolamento social. Especialistas esperam ainda uma explosão de casos após as festas de fim de ano.

Pesou no último balanço de mortes o represamento de dados de São Paulo ocorrido anteontem, em que o Estado não somou dados na plataforma do Ministério da Saúde - e registrou 399 óbitos de uma só vez ontem. Mas, nos dois dias anteriores, o total de registros em um dia já havia ficado acima de 900, segundo o consórcio de Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL, que coleta dados das secretarias de saúde.

A alta tem sido puxada pelo Sul (mais informações nesta página) e o Sudeste. A tendência crescente de vítimas vai na contramão do discurso do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a citar semana passada que estávamos no "finalzinho" da pandemia. Já os indicadores de isolamento são verificados diariamente pelo Monitor Estadão/Inloco. Desde o início da pandemia, a maior taxa média de isolamento foi registrada em 22 de março, quando foram adotadas as medidas mais rígidas por governadores e prefeitos: 62,2% dos brasileiros estavam recolhidos em suas casas. Nove meses depois, são 35,8% - metade dos 70% apontados por especialistas como necessários para frear a transmissão do vírus Especialistas têm apontado especial preocupação com o avanço de casos entre jovens.

Ontem, o Observatório Covid-19 BR, que reúne pesquisadores, publicou nota afirmando que "há uma clara e forte tendência de crescimento de casos, internações e óbitos por COVID-19 em quase todo o País, especialmente nos Estados do Sul e Sudeste". Maria Rita Donalísio, médica epidemiologista da Unicamp e membro do grupo, defende recuar o quanto antes as medidas de flexibilização da quarentena. "O aumento no número de leitos é muito importante, mas não é suficiente porque não interfere na incidência da doença e no número de casos. É o caso de já pensarmos no fechamento desses locais onde a disseminação é maior, como festas, bares, shows, aglomerações nas praias, viagens etc", observa.

Ela aponta que Estados e municípios também precisam de ação coordenada para aumentar a testagem, fundamental para rastrear casos e conter surtos. "Não podemos esperar muito do governo federal", diz Maria Rita. Como o Estadão revelou em novembro, o Ministério da Saúde tinha em novembro 6,8 milhões de exames da covid-19 estocados em um armazém em Guarulhos (SP) e perto do prazo de validade. O governo teve pedir extensão do período de uso dos produtos à Anvisa, que condicionou a liberação a uma análise mensal de qualidade dos exames.

Dante Senra, cardiologista, e intensivista da USP, partilha da mesma ideia. "Toda essa situação é impulsionada por um discurso negacionista de quem deveria liderar a nação", critica. Ele aponta ainda que, com a chegada do verão, Natal e réveillon, o Brasil caminha para repetir em meados de janeiro o mesmo fenômeno que ocorreu nos Estados Unidos após as celebrações de Ação de Graças, em 26 de novembro. Ainda na quarta-feira, 16, os EUA bateram recorde, com 3,5 mil mortes em 24 horas.

 "As pessoas se cansaram da pandemia e têm uma ideia de ‘se não pegou até agora, não pega mais’. O problema é que nos EUA eles já começam a vacinar nas próximas semanas e nós não temos perspectivas disso ainda."

O grupo Infogripe, da Fiocruz, monitora casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no País. De todos os casos registrados este ano, 97,8% foram covid. Há tendência de alta de SRAG em ao menos uma macrorregião de Saúde de 21 Estados, diz Marcelo Gomes, coordenador do grupo.

Especialistas também alertam para o risco de subnotificação. "Quando analisamos apenas casos hospitalizados, isso depende de quanto você já ocupou da oferta. Não significa necessariamente que a transmissão caiu, mas que não há mais leitos para ocupar. A internação depende do total de vagas", diz Ana Freitas, sanitarista do Hospital Emílio Ribas.

No Rio de Janeiro, por exemplo, pacientes têm relatado problemas para conseguir vaga em UTI nas últimas semanas.

Com informações portal O Povo Online

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