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15 de maio de 2021

Butantan e Fiocruz param produção de vacinas por falta de insumos

 

Para o diretor do Butantan, Dimas Covas, os ataques de Bolsonaro à China complica a obtenção de insumos para os imunizantes (Foto: Nelson Almeida)

Após entregar a última remessa da CoronaVac produzida com o que restava dos últimos insumos importados da China, recebidos em abril, o Instituto Butantan paralisou, ontem, a produção do imunizante. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está diante do mesmo problema e terá de interromper a fabricação de doses da Oxford/AstraZeneca, pois uma nova remessa do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) está prevista para chegar somente no próximo dia 22. O desabastecimento, porém, desencadeou uma guerra de narrativas.

Se para o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, os ataques do governo federal à China têm o condão de complicar a obtenção de insumos para os imunizantes, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, apontou que o problema do Butantan é contratual, e não diplomático. 

“Não há nenhum problema diplomático do Brasil com a China. A questão do Butantan com a China é uma questão contratual. Eu espero que esse suprimento de IFA ocorra normalmente e a produção se regularize para que tenhamos, também, disponível a vacina CoronaVac, como tem sido desde o começo do ano”, afirmou, durante o evento que marcou o início da vacinação contra covid-19 dos atletas olímpicos e paralímpicos, no Rio de Janeiro.

Já o Butantan deixou claro que não há entraves quanto à liberação do IFA pela Sinovac, que produz os insumos da CoronaVac. 

“Do ponto de vista da nossa relação contratual, não temos nenhum problema. O problema é a liberação, que tem que ser o mais rápido possível”, disse Covas, após entregar as últimas 1,1 milhão de doses prontas da vacina ao Ministério da Saúde.

Em nota, o instituto afirmou que “questões referentes à relação diplomática Brasil x China, incluindo recentes declarações de autoridades federais brasileiras, interferem diretamente no cronograma de liberação de novos lotes de insumos”. Segundo o Butantan, 10 mil litros do IFA — que correspondem a cerca de 18 milhões de doses — estão prontos para serem enviados ao Brasil, mas Pequim não autorizou o embarque.

Diante da paralisação, Covas prevê entregar ao Ministério da Saúde menos da metade das injeções esperadas para este mês. Com o atraso do IFA, em vez de 12 milhões de doses, enviará “pouco mais” de 5 milhões de vacinas.

Embora Queiroga considere que não é um problema diplomático que trava a chegada de insumo para a retomada da fabricação da CoronaVac no Brasil, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), procurou o embaixador da China, Yang Wanming, para tentar agilizar a chegada do IFA retido. O diplomata enfatizou a necessidade da melhora do ambiente entre as nações.

“O embaixador considera as críticas feitas ao governo chinês infundadas, injustas e acha importante que o Congresso possa ajudar para que essas relações entre os nossos países não sejam contaminadas”, diz a nota emitida pela comissão da Câmara.

Sem admitir o problema diplomático, Queiroga lembrou que a Fiocruz recebeu “recentemente” IFA da China, porém o último lote é de 24 de abril. A Fundação admitiu que, até a chegada, dia 22, haverá uma interrupção na produção de “alguns dias”, apesar de ontem ter repassado ao ministério mais 4,7 milhões de doses.

O ministério da Saúde anunciou ainda ontem que foi assinado contrato que prevê a aquisição de mais 100 milhões de doses da vacina da Pfizer. De acordo com o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, o novo contrato com a Pfizer prevê a entrega das novas doses de outubro a dezembro. Ele anunciou, ainda, que foram abertas negociações com o laboratório chinês Sinopharm para adquirir mais 20 milhões de vacinas — que já tiveram aprovação para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é uma das que integram o Covax Facility, consórcio internacional de vacinas administrado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O secretário explicou que vem conversando com todos os laboratórios para antecipar a entrega de vacinas já contratadas. Uma das apostas também é a troca de imunzantes com países que têm estoque suficiente — principalmente os EUA — e que têm entregas previstas agora. A ideia é convencê-los a entregarem as doses para o Brasil e receberem as que o país tem contratadas para o futuro.

Com informações portal Correio Braziliense

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