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3 de junho de 2021

Pressionado, Bolsonaro recua em discurso e fala em vacinação em massa

Apesar da fala sobre a vacinação a aparição do presidente foi marcada por "panelaços" nas principais capitais e diversas cidades do País(Foto: Reprodução/Youtube)

Pressionado pela CPI da Covid e enfrentando queda de popularidade, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez ontem à noite um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV e afirmou que o governo irá vacinar todos os brasileiros até o fim do ano.

No momento em que mais de 460 mil brasileiros já morreram, em decorrência do novo coronavírus, Bolsonaro comemorou a distribuição de 100 milhões de doses de vacinas, o crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre, mas voltou a criticar medidas de isolamento social.

Pela primeira vez, Bolsonaro fez uma demonstração de pesar durante pronunciamento ao dizer que sentia "profundamente cada vida perdida em nosso país."

A aparição do presidente foi marcada por "panelaços" nas principais capitais e diversas cidades do País. Foi o nono pronunciamento do presidente desde o início da pandemia.

"Hoje alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a Estados e municípios. O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta. Este ano, todos os brasileiros que assim o desejarem serão vacinados", disse, citando dados absolutos, e não proporcionais. Apenas 22,2% da população recebeu ao menos uma dose de vacina contra o novo coronavírus até hoje.

No pronunciamento, o presidente comemorou o acordo assinado entre a Fiocruz e a AstraZeneca, que permitirá a produção totalmente nacional do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), necessário para a elaboração do imunizante. O presidente não mencionou o "tratamento precoce" com medicamentos sem eficácia contra a Covid-19.

Bolsonaro também falou sobre a realização da Copa América no Brasil, defendida por ele desde que a competição na Argentina foi cancelada. A realização do torneio no País tem sido criticada em um momento de crise sanitária na qual médicos pedem que sejam evitadas as aglomerações.

"Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América. O nosso governo joga dentro das quatro linhas da Constituição. Considera o direito de ir e vir, o direito ao trabalho, e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis. Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade", afirmou.

Durante o pronunciamento, Bolsonaro foi alvo de panelaços em várias cidades do País. Em Fortaleza, eles ocorreram em bairros como Aldeota, Dionísio Torres, Bairro de Fátima, Montese e outras regiões da cidade.

Também houve protestos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Curitiba. Manifestantes bateram panela aos gritos de "Fora Bolsonaro" e "Bolsonaro Genocida".

Alguns dos senadores que compõem a CPI da Covid se manifestaram logo após o pronunciamento. Por meio de nota, os parlamentares reconhecem a inflexão do presidente, mas o criticam por ela vir com "um atraso fatal e doloroso".

"A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais. A CPI volta lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas", diz a nota.

O comunicado é assinado por Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), que form a cúpula da Comissão. O senador cearense Tasso Jereisstati (PSDB), que também integra o colegiado, é outro que subscreve a nota. (com Agência Estado)

Com informações portal O Povo Online

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