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22 de junho de 2021

Sob pressão, Bolsonaro volta a xingar a imprensa

Questionado por não usar máscara em outras ocasiões, Bolsonaro arranca proteção do rosto  (Foto: Reprodução/Facebook)

Sob pressão diante das mais de 500 mil mortes por Covid-19 e da perda de popularidade, Jair Bolsonaro (sem partido) reagiu ontem com fúria ao ser questionado sobre o fato de chegar a um evento sem máscara. No momento da entrevista, ele retirou a proteção facial e, aos gritos, mandou uma repórter calar a boca. O presidente disse ser alvo de "canalhas", pediu "pergunta decente" e mostrou descontrole.

A cena ocorreu em Guaratinguetá (SP), após participação do presidente na cerimônia de formatura de sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica, dois dias depois de manifestações de rua, em todo o País, cobrarem o seu impeachment.

Questionado pela repórter da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, sobre o fato de chegar ao local máscara, quando o Brasil já ultrapassa a marca de 500 mil mortes por Covid-19, Bolsonaro ficou furioso. "Olha, eu chego como eu quiser, onde eu quiser, está certo? Eu cuido da minha vida. Parem de tocar no assunto", disse, sem esconder a irritação.

Logo em seguida, o presidente tirou a proteção facial e começou a gritar. "Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora?", perguntou duas vezes, dirigindo-se à repórter. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que, além da vacinação, o uso de máscara é a forma mais eficaz para evitar o contágio pelo coronavírus.

Visivelmente exaltado, o presidente continuou a insultar a jornalista. "Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa", afirmou. A repórter tentou engatar uma pergunta. "Cala a boca!", interrompeu Bolsonaro.

Aos berros, ele não economizou xingamentos aos profissionais que tentavam entrevistá-lo. "Vocês são canalhas! Vocês fazem um jornalismo canalha, que não ajuda em nada! Vocês destroem a família brasileira, vocês destroem a religião brasileira! Vocês não prestam", bradou.

Pela primeira vez desde sábado, quando o número de vidas perdidas por Covid-19 passou de 500 mil, o presidente se manifestou sobre o assunto. Mesmo assim, ele defendeu novamente tratamento com ineficácia comprovada para enfrentar a doença.

"Lamento todos os óbitos. Muito. É uma dor na família. E (...), desde o começo, o Governo Federal teve coragem de falar em tratamento precoce. (Mas) Como está sendo conduzida essa questão, parece até que é melhor se consultar com jornalistas do que com médicos", ironizou.

Bolsonaro também criticou a emissora de TV CNN e pediu "pergunta decente" ao indagar de que veículo eram os repórteres. "CNN? Vocês elogiam a passeata agora de domingo, né? Jogaram fogos de artifício em vocês e vocês elogiaram ainda", reclamou, ao confundir a data dos protestos que pediram o seu impeachment e foram realizadas no sábado.

Sempre que está acuado, Bolsonaro ataca a imprensa. Nos últimos tempos, porém, os momentos de fúria têm vindo numa escalada, à medida em que a crise no governo se agrava e sua popularidade cai. Ontem, por exemplo, a irritação começou quando a repórter o questionou sobre a multa recebida do governador de São Paulo, João Doria, depois que ele se recusou a usar máscara durante motociata no dia 12. "Você quer fazer uma pergunta decente?", retrucou.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram a "atitude brutal" do presidente. "Ela se deu em novo caso de ataque ao exercício profissional do Jornalismo, que Bolsonaro já provou reiteradamente desprezar, tanto quanto despreza a própria democracia", diz trecho da nota.

Com informações portal O Povo Online

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