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24 de março de 2022

Bolsonaro reúne aliados em Quixadá

Com retórica de candidato Bolsonaro ressaltou os feitos do governo e criticou adversários (Foto: Fabio Lima)

Em sua sexta visita ao Ceará na manhã de ontem (23/03), o presidente Jair Bolsonaro (PL) silenciou ontem sobre as denúncias de favorecimento de pastores para acesso a verbas no Ministério da Educação (MEC) e disse que sua gestão está há três anos sem corrupção.

"Quando se fala em corrupção, nós temos o que falar. Três anos e três meses sem qualquer denúncia de corrupção em nossos ministérios. Tentam de toda maneira nos igualar com quem nos antecedeu, mas não conseguirão porque é um governo que, acima de tudo, tem profundo respeito pela sua população", discursou o presidente em Quixadá, no sertão cearense.

No município, Bolsonaro participou do que o Governo Federal tem chamado de "Força-Tarefa das Águas". A agenda previa entrega de poços e cisternas de placas. Antes do evento, ele seguiu de moto, sem capacete, pelas ruas de Quixadá até o local da cerimônia.

Já no palco, ao lado de parlamentares do Ceará e de ministros nordestinos, entre eles Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Ciro Nogueira (Casa Civil), João Roma (Cidadania) e Gilson Machado (Turismo), o presidente reforçou críticas aos governadores, ao ex-presidente Lula e ao PT.

"Cada vez mais as cores verde e amarela são vistas pelos quatro cantos do nosso Brasil. Vamos deixando para trás aquela cor vermelha, a cor do comunismo, a cor do atraso e da corrupção", disse aos apoiadores, que se encontravam sob tenda armada na praça principal da cidade.

"Lamentamos os anos de 2020 e de 2021", continuou o mandatário, "em que a pandemia se abateu sobre nós", mas a "política equivocada e desastrosa de muitos governadores fez com que, através do lema fique em casa que a economia a gente vê depois, trouxesse desemprego e perda de renda para muita gente".

A plateia então respondeu com gritos de "fora Camilo" e "Lula ladrão", erguendo um "Pixuleco", boneco inflável que retrata o petista com vestimenta de presidiário.

Bolsonaro, porém, não fez menção ao nome do ministro Milton Ribeiro, cuja gestão no MEC está sob ataques depois que vieram à tona revelações de encontros do auxiliar do presidente com pastores que operariam como atravessadores entre a pasta e prefeitos, cobrando propina para facilitar repasse de verbas às administrações municipais.

Durante breve passagem por corredor próximo do espaço reservado à imprensa, o presidente saudou aliados e agradeceu ao povo de Quixadá, mas não respondeu a qualquer pergunta sobre o tema.

Com retórica de candidato à reeleição, o chefe do Executivo ressaltou os feitos do governo e voltou a se defender em relação às posturas que adotou na pandemia de Covid-19, grande parte das quais contrária aos principais protocolos sanitários cumpridos em todo o mundo nesse período.

"Nós sempre estivemos do lado certo. Eu fui certamente um dos raros chefes de Estado que adotou uma conduta diferente da que aqueles que defendiam o politicamente correto", respondeu, acrescentando que, "quando obrigaram a nossa população a ficar em casa, nós apresentamos para vocês o Auxílio Emergencial" - projeto aprovado pela Câmara, com valor fixado pelos deputados.

Em seguida, o presidente reiterou a criação do programa assistencial, citado também por ministros, além das obras hídricas como a transposição do rio São Francisco, em razão da qual ele já visitou o Estado outras duas vezes - uma a Penaforte e outra a Jati, em fevereiro último.

"Trabalhamos muito para concluir obras em todo o Brasil, em especial as obras que tinham que ver com a transposição. Fizemos o possível buscando a dignidade a todos, e a água é um meio inigualável", pontuou.

Prestes a deixar o Governo para concorrer a mandato, Gilson Machado também fez referência ao Auxílio Brasil, numa tentativa de aceno ao eleitorado do Nordeste, região onde Bolsonaro encontra resistência.

"Temos hoje sete ministros nordestinos no governo Bolsonaro", contou Machado. "Se você hoje tem o Auxílio Brasil, você tem Bolsonaro em sua vida. Se tem a transposição do São Francisco, tem Bolsonaro em sua vida. Se é estudante e teve desconto na dívida do Fies, tem Bolsonaro em sua vida."

Já Marinho, que também é pré-candidato ao Senado por seu estado, o Rio Grande do Norte, insistiu no assunto. "Neste governo ninguém fica para trás. Ao mesmo tempo em que estamos fazendo a maior obra hídrica do Brasil, estamos também perfurando poços e providenciando cisternas porque sabemos que há necessidades de que as pequenas comunidades rurais sejam atendidas", argumentou.

Das seis visitas de Bolsonaro ao Ceará, apenas duas não tiveram relação direta com as obras da transposição - uma a Juazeiro do Norte, com entrega de habitações, e outra a Tianguá, com assinatura de ordem de serviço de uma obra viária.

Com informações portal O Povo Online

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