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15 de março de 2022

Congresso faz coro às críticas e Petrobras entra na linha de fogo

Para o presidente do Senado “os brasileiros e brasileiras não podem ser ainda mais penalizados" (Foto: Jefferson Rudy)

A disparada dos preços dos combustíveis — acentuada com os reajustes de 18,7% na gasolina; 24,9%, no diesel; e 16%, no gás de cozinha, anunciados na semana passada — colocou a Petrobras na mira de múltiplos ataques. Do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso, passando por entidades de classes e pré-candidatos ao Planalto, a pressão é grande sobre a empresa.

Em meio à saraivada de críticas, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) saiu em defesa do presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna — cuja demissão é avaliada por Bolsonaro —, e da empresa.

Mourão enfatizou a determinação do dirigente da estatal. "Silva e Luna é resiliente, sempre foi. Como bom nordestino, aguenta pressão", frisou, na chegada ao Palácio do Planalto. Ele se referiu ao fato de o general ser pernambucano de Barreiros.

Para o vice-presidente, seria um erro a eventual interferência na política de valores dos combustíveis adotada pela Petrobras. "Intervenção no preço é algo que a gente sabe como começa, e o término sempre vai ser uma bagunça", frisou.

No sábado, um dia depois de sancionar o projeto que altera o ICMS, Bolsonaro voltou à carga contra a Petrobras. Ele acusou a empresa de não ter sensibilidade com a população e se disse insatisfeito com os recentes reajustes. "É Petrobras Futebol Clube, e o resto que se exploda", alfinetou.

A Petrobras também é alvo de críticas no Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ressaltou que a empresa tem "função social" e conclamou que a companhia integre os esforços para frear a elevação dos preços dos combustíveis.

"A Petrobras tem, hoje, uma lucratividade na ordem de três vezes mais do que suas concorrentes, dividendos bilionários. Óbvio que é muito bom que isso aconteça, mas não pode acontecer em prejuízo da população brasileira que abastece seus veículos ou que precisa de transporte coletivo", destacou, em entrevista após participar de evento com o setor empresarial, em Belo Horizonte.

Perguntado se a solução para a política de preços dos combustíveis no país passa pela troca de comando da empresa — dirigida pelo general Joaquim Silva e Luna —, Pacheco disse que essa era uma questão do Poder Executivo.

"Tenho absoluta convicção da retidão do general que preside a Petrobras, e o que nós esperamos dessa diretoria é que ela tenha a sensibilidade social de uma empresa que tem participação pública e que precisa ter o cumprimento da sua função social", frisou. "O lucro é muito importante para a empresa, a remuneração dos seus diretores também o é, mas é muito importante que ela possa, eventualmente, reverter esse lucro muito acima da média para a própria população, por meio de mecanismos próprios para isso."

De acordo com Pacheco, o Senado seguirá reunindo esforços para votar matérias de interesse da população. Na semana passada, aprovou o PLP que altera a cobrança do ICMS — já sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. Também avalizou o PL 1.472/2021, que cria a conta de estabilização .

Relator dos dois projetos, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) classificou a sanção como "um passo importante". "Dá início a um processo mais longo de diálogo entre os estados, mas, para dar conta da crise atual dos combustíveis, precisamos aprovar o PL 1.472/2021", explicou. Após aprovado pelo Senado, o texto seguiu para a Câmara.

O deputado Luis Miranda (Republicanos-DF) disse que, se não houver interesse em desenquadrar a Petrobras da dolarização, estratégias precisarão ser criadas. "Tendo em vista que a Petrobras, inclusive, exporta seus produtos, você tem de ter uma reserva de mercado interno para prestigiar os brasileiros", defendeu ele que, recentemente, protocolou um projeto com essa proposta.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reprovou os reajustes dos combustíveis. "Causou-me espanto a insensibilidade da Petrobras com os brasileiros — os verdadeiros donos da companhia. O aumento de hoje (quinta-feira) foi um tapa na cara de um país que luta para voltar a crescer", escreveu nas redes sociais. "Quem conhece o Brasil, além dos gabinetes e escritórios, sabe o peso de comprar um botijão de gás ou encher o tanque."

Com informações portal Correio Braziliense

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