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18 de abril de 2023

Significados do que Ciro disse e do que não disse

Ciro Gomes na convenção do PDT em Fortaleza, ao lado do ministro Carlos Lupi (Foto: Samuel Setubal)

A reaparição de Ciro Gomes (PDT), no último sábado, 15, foi emblemática mais pelo que ele não disse do que pelo que falou. Foi a primeira aparição num evento político desde o segundo turno das eleições. Era aguardado o que ele diria nos 100 dias de governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Elmano de Freitas (PT). Sobretudo no caso de Lula, em relação a quem tem se posicionado como adversário e contundente crítico há um punhado de anos.

O que Ciro falou foi significativo para a política de Fortaleza. Sobre o Ceará e, principalmente, o Brasil, chamou mais atenção o que ele não disse. Talvez haja indicativos da forma como Ciro pretende se reposicionar na política brasileira e cearense.

Fiquei surpreso por Ciro escolher fazer a reaparição na convenção municipal do PDT, para formalizar o diretório no lugar de uma convenção provisória. Foi um momento protocolar transformado em grande ato.

Eu imaginava que Ciro planejaria a reaparição na arena nacional, mas optou por um foro paroquial.

Este ano, ele só vinha se manifestando nas redes sociais, quando alguém fazia aniversário, morria, em datas comemorativas, na posse da irmã, deputada Lia Gomes (PDT), e no 8 de janeiro.

 

Não quis conceder entrevista. Não deu uma palavra sobre Lula, o governo federal ou sobre a gestão Elmano de Freitas no Ceará. Dedicou o tempo a defender a Taxa do Lixo e a reeleição do prefeito José Sarto (PDT). Qual o peso do que falou e do que deixou de dizer?

 

Posicionamentos

Ciro estava ao lado de um ministro de Lula — Carlos Lupi, da Previdência. Aliás, a única menção ao governo federal foi para enaltecer o ministro. "Já está fazendo um furacão de coisas", afirmou, com objetivo de ser elogioso. O ex-governador hoje pertence a um partido da base do governo.

Aliás, uma das coisas que ele disse foi que segue no PDT, a despeito de especulações sobre um eventual retorno ao PSDB. Isso pode inibir a desenvoltura com que critica o Palácio do Planalto.

Ciro se tornou um opositor de Lula, dos mais duros, e não vejo porta aberta para mudar de posição.

O gesto de sábado pode ter sido para não ser deselegante com Lupi, criar um constrangimento que atrairia todas as atenções, ou não tirar o foco da questão municipal.

Não será surpresa se amanhã ele aparecer com críticas duras ao governo. Aliás, será o provável. Porém, a conjuntura do PDT hoje, bem como o resultado da última eleição, ruim para ele em todos os níveis, pode levar Ciro a recalibrar o tom.

Publicado originalmente no  portal O Povo +

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