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11 de setembro de 2023

Brasil assume a presidência do G20 e Lula menciona tragédia no RS

Lula reafirmou que a presidência brasileira a frente do grupo terá três prioridades (Foto: Ricardo Stuckert)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu neste domingo (10/9) do premiê indiano, Narendra Modi, o martelo de madeira que simboliza a presidência temporária do G20. O ato aconteceu durante o encerramento da 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado do grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo, em Nova Delhi, na Índia.

“Construindo um mundo justo e um planeta sustentável” será o lema do Brasil na liderança do bloco, o país assume oficialmente a presidência a partir do dia primeiro de dezembro. Lula começou seu discurso mencionando o ciclone que atingiu o estado do Rio Grande Sul, o petista chegou a ser alvo de críticas por deixar o país em meio a tragédia.

“Primeiro, gostaria de dizer às autoridades aqui presentes que a natureza continua dando demonstração de que precisamos cuidar dela com muito mais carinho. Esta semana, três dias atrás, no meu Brasil, um ciclone, no estado do Rio Grande do Sul, que nunca havia tido ciclone, matou 46 pessoas, quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama a atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, disse.

Lula reafirmou que a presidência brasileira a frente do grupo terá três prioridades: o combate à fome, pobreza e desigualdade; a transição energética e o desenvolvimento sustentável em suas três dimensões (econômica, social e ambiental), além da reforma do sistema de governança internacional.

Ele confirmou a criação de duas forças-tarefa para ampliar o combate à desigualdade, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima. “Precisamos redobrar os esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos. Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes, e também recursos”, alertou.

O presidente também cobrou dos demais países mais vontade política e determinação dos governantes para atuar no combate às mudanças climáticas, e pediu mais recursos e transferência de tecnologia. “Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. A insustentável dívida externa dos países mais pobres precisa ser equacionada”, disse.

Lula encontra Macron e príncipe saudita que deu joias a Bolsonaro

No último dia da Cúpula do G20, neste domingo (10/9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve encontros bilaterais com o líder francês, Emmanuel Macron, e com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, — o mesmo que presentou Jair Bolsonaro (PL) com joias.

O acordo entre Mercosul e União Europeia voltou à pauta, em nota o governo brasileiro afirmou que Lula teria reforçado pendências para a aprovação final do acordo de colaboração entre os blocos, como a inflexibilidade do Brasil em não desistir das chamadas compras governamentais.

O texto está em análise no Parlamento Europeu. “A reunião entre os chefes de Estado também abordou questões de cooperação em áreas como defesa e meio ambiente. Ambos os líderes discutiram pendências relacionadas ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia, expressando a vontade de avançar na sua conclusão”, informou a assessoria.

Os países sinalizaram também a intenção de reeditar em 2025 uma parceria cultural semelhante ao Ano do Brasil na França e ao Ano da França no Brasil, realizados na década passada. “Essa iniciativa permitirá que representantes da cultura brasileira visitem a França e que destaques do cenário artístico francês realizem apresentações no Brasil, promovendo ainda mais o intercâmbio cultural entre as duas nações”, destacou a nota.

Além disso, Lula convidou Macron para sua primeira visita oficial ao Brasil, e o líder francês indicou que essa oportunidade pode se concretizar no primeiro semestre de 2024. A parceria estratégica entre Brasil e França foi estabelecida em 2006 e envolve diálogo político, relações econômico-comerciais e cooperação em diversas áreas.

Já no encontro com o príncipe saudita, o governo informou que ficou acertado que uma delegação de empresários e autoridades deve visitar o Brasil em breve para conhecer a carteira de projetos do novo PAC e que estão abertos a investimentos estrangeiros.

Os chefes de Estado também trataram de uma possível ampliação de investimentos no Brasil, na área de petróleo e gás e nas fontes verdes. Na conversa, Lula também deu as boas-vindas à Arábia Saudita como novo país do Brics. A nação árabe faz parte do grupo de seis novos integrantes oficializados no bloco, ao lado de Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.

Este foi o primeiro encontro de Lula e bin Salman, que tinham uma reunião marcada em junho, durante uma cúpula promovida por Macron em Paris. No entanto, Lula cancelou alegando "cansaço".

O príncipe saudita foi quem deu joias no valor de R$ 5 milhões ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os itens não foram declarados e, por isso, foram retidos na alfândega. O encontro com Lula aconteceria logo após a revelação do escândalo, que desencadeou uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Mohammed bin Salman é acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018. Segundo um relatório de inteligência dos Estados Unidos, divulgado em 2021, ele aprovou uma operação para capturar e matar o jornalista, que era crítico do regime de sua família. O corpo foi desmembrado, e seus restos mortais nunca foram localizados.

Com informações portal Correio Braziliense

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