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3 de outubro de 2023

Após perder comando do PDT, Cid reage e convoca reunião para retomar diretório

Cid Gomes, deputadas e deputados do PDT em entrevista coletiva (Foto: Thais Mesquita)

Depois de reviravolta que o destituiu do comando do PDT no Ceará na manhã de ontem, o senador Cid Gomes reagiu e anunciou que irá coletar assinaturas para convocar reunião do diretório estadual do partido, na tentativa de reaver a presidência.

À frente da legenda até essa segunda-feira, 2, Cid foi desalojado da cadeira de dirigente por decisão do deputado federal André Figueiredo, que estava licenciado desde julho deste ano, quando cedeu o lugar temporariamente para Cid.

"Em decorrência dos últimos acontecimentos, tive de retomar ao comando do partido. Não tinha vontade de fazer isso, mas os acordos não estavam sendo cumpridos", disse André.

O acerto previa que o ex-governador seguiria no posto até dezembro, quando então Figueiredo seria reempossado como chefe da executiva. O movimento do deputado, no entanto, abreviou essa tratativa.

"Fomos surpreendidos com a notícia de que o André teria reassumido a presidência, ou seja, suspendeu uma licença que tinha tirado e que me colocava na condição de presidente do PDT", declarou Cid no final da tarde dessa segunda, após encontro em seu escritório, em Fortaleza.

Ao lado de parlamentares que apoiam seu nome para conduzir o partido no Ceará, entre os quais os federais Eduardo Bismarck e Idilvan Alencar e o estadual Osmar Baquit, o senador negou que tenha desfeito qualquer termo pactuado com Figueiredo.

"Ele alegou que três compromissos de minha parte não teriam sido cumpridos. Menos verdade, não procede essa informação", rebateu o pedetista, acrescentando ter acatado "um único compromisso (antes de tomar posse no PDT), que ele permaneceria numa nova executiva como presidente com o meu apoio".

"Esse foi o único compromisso que eu assumi", continuou, "portanto, ele não pode alegar nenhum descumprimento de compromisso meu. A rigor, quem descumpriu o compromisso foi ele".

Apenas três dias antes, na sexta, 29/9, o grupo "cidista" havia se reunido na sede do PDT a fim de aprovar a adesão formal da legenda ao governo de Elmano de Freitas (PT), selando de vez a aliança entre as duas siglas no estado.

O encontro partidário, contudo, foi tumultuado. Com discussão, gritos e socos na mesa, a votação do tópico sequer chegaria a ser levada a cabo. Também presente à reunião, Figueiredo, que preside o PDT em âmbito nacional, pediu a Cid para que não colocasse o tema em análise.

Menos de 72 horas após esse entrevero, o deputado federal - um aliado de Ciro Gomes e do ex-prefeito Roberto Cláudio - determinou, em agenda na mesma sede do PDT, a própria recondução à função, antes desempenhada por Cid.

Em resposta, o senador reagrupou a ala governista da agremiação e traçou os próximos passos do bloco na esteira da investida do grupo de Ciro e RC.

"Vamos trabalhar para reconvocar o diretório estadual com a pauta específica de eleger uma nova executiva para o PDT do estado de Ceará", informou Cid, em coletiva de imprensa.

Em seguida, o parlamentar trabalhista admitiu ter "a absoluta convicção de que o sentimento amplamente majoritário no partido é o que está representado pela direção que estava até ontem no comando, dando os encaminhamentos que estavam sendo dados".

Questionado sobre o dia exato da nova reunião do diretório, Cid assinalou que "a convocação não está acertada ainda, porque isso depende de um número mínimo de integrantes do diretório".

Conforme o pedetista, a estimativa é de que a rodada seja realizada até 16 de outubro, quando o bloco "cidista" encaminhará escolha de executiva do partido em substituição à atual.

"Espero que essa ala, dirigida ou liderada pelo André, também participe, se coloque ao diretório e o diretório, no final, vai se pronunciar. A ata preverá uma escolha de uma nova executiva. Se ele quiser ser candidato, ele pode ser, obviamente, e se for o desejo dessa ala do partido que eu seja o candidato, naturalmente eu estaria à disposição", explicou.

André: "Reeleição de Sarto não estava sendo tratada com a atenção que merece"

A decisão de André Figueiredo em retomar o comando do PDT foi comunicada em reunião na manhã de ontem (Foto: Divulgação/Facebook/Twitter)

De volta nessa segunda-feira, 2, à presidência do PDT Ceará, o deputado federal André Figueiredo (PDT) destacou o projeto de reeleição do prefeito José Sarto (PDT) como uma das razões para sua decisão de substituir Cid Gomes (PDT) no comando local da sigla.

Segundo Figueiredo, a gestão de Cid não estaria dando a “atenção que merece” à reeleição do prefeito. “Muito pelo contrário, inclusive com tentativas de desqualificar a gestão. Então, Sarto, pode ter certeza que nós vamos ter agora essa atenção, por parte da direção nacional, estadual e municipal. Nossa prioridade é reeleger nosso principal prefeito”.

A decisão de Figueiredo em retomar o comando do PDT foi comunicada em reunião realizada às 9 horas desta segunda-feira, 2, na sede do partido em Fortaleza. Na ocasião, o deputado também comunicou o cancelamento de reunião da Executiva do partido convocada por Cid Gomes (PDT) para as 12 horas de segunda.

"Em decorrência dos últimos acontecimentos, tive de retomar ao comando do partido. Não tinha vontade de fazer isso, mas os acordos não estavam sendo cumpridos", disse André.

Figueiredo também convocou nova reunião, para 17h30min da próxima quinta-feira, 5, quando deverá ser feito um “ato formal de apoio” à candidatura de Sarto. “Queremos reafirmar o nosso apoio a Sarto, nosso principal candidato a prefeito, que não é uma prioridade do Ceará, é uma prioridade do PDT do Brasil”, disse.

André afirmou ao O POVO que o acordo para Cid assumir a direção estadual, firmado com Lupi, previa a pacificação da sigla, não haver carta de anuência e que qualquer questão de apoio ao governador tinha de ser discutida e fechada antes entre os três — André, Cid e Lupi — com Elmano. Segundo André, os pontos não vinham sendo cumpridos.

Cid afirma que "ala do PDT não se conforma com resultado da eleição"

Senador da República pelo PDT, Cid Gomes avalia que uma ala do partido "não se conforma com os resultados da eleição de 2022".

Sem citar nominalmente ninguém, o ex-governador se refere indiretamente ao ex-prefeito Roberto Cláudio, candidato derrotado ao Governo no ano passado.

Aliado de Ciro e de André Figueiredo, RC tem adotado postura de opositor ao governador Elmano de Freitas (PT) desde o início do ano.

Os movimentos do pedetista, no entanto, contrariam disposição de parte significativa de deputados estaduais e federais do PDT, que postulam uma aliança formal com a base de sustentação do chefe do Executivo estadual.

Essa é a posição que Cid tem defendido, mas da qual Figueiredo, RC e Ciro divergem. Esse embate vem ampliando o fosso e acentuando as tensões dentro da legenda.

Para o senador, o bloco de Figueiredo no PDT "pretende fazer 'vendita', ficar esticando a corda e manter uma linha de oposição, de agressividade e de negação das alianças que a gente teve até então".

O deputado federal, por outro lado, tem evitado ceder às pressões para que o PDT esteja alinhado ao Abolição, sob risco de comprometer a candidatura à reeleição do prefeito José Sarto.

Caso PDT e PT firmem entendimento no estado, é possível, conforme esses pedetistas, que o projeto de Sarto de concorrer a novo mandato fique comprometido. (Henrique Araújo)

Passo a passo da briga

O partido está conflagrado desde julho de 2022, quando escolheu RC como candidato ao Governo, preterindo Izolda Cela e abrindo divergência com grupo de Camilo Santana;

De lá para cá, os grupos de Cid Gomes e de Ciro/RC/Figueiredo vêm duelando publicamente;

Na última sexta, 29, as duas alas voltaram a se enfrentar. Ontem, houve novo embate entre cidistas e ciristas

Com informações portal O Povo +

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