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No maior e mais internacional conclave da História da Igreja, cardeais optaram pela continuidade (Foto: Alberto Pizzoli) |
Com imagem de moderado e visto como próximo ao primeiro papa latino-americano, o 267º pontífice chega ao trono de São Pedro em contexto de divisão na Igreja e de crescente tensão no mundo.
Vestido de branco, as primeiras palavras dele, do balcão da Basílica de São Pedro no Vaticano, foram um "apelo à paz", um agradecimento a seu predecessor e uma saudação em espanhol à "querida diocese de Chiclayo", no Peru.
"Um
povo fiel acompanhou seu bispo, compartilhou sua fé e deu tanto, tanto para
continuar sendo uma Igreja fiel de Jesus Cristo", destacou quem foi
administrador apostólico de Chiclayo até 2023.
Milhares de pessoas aplaudiram o discurso e a eleição. Embora a eleição fosse considerada incerta, os cardeais precisaram de apenas dois dias para eleger Leão XIV, como em 2005, com Bento XVI, e em 2013, com Francisco.
O pontífice argentino, falecido no último dia 21 de abril, aos 88 anos, liderou a Igreja por 12 anos com um pontificado reformista focado nos pobres e nos migrantes, mas que enfrentou críticas de setores mais conservadores.
No primeiro discurso "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo), o pontífice fez apelo à paz a "todos os povos" e pediu que se "construam pontes", por meio do "diálogo", "sem medo, unidos, dando a mão a Deus e uns aos outros".
Prevost
foi escolhido no maior e mais internacional conclave da História da Igreja, que
reuniu na Capela Sistina 133 cardeais eleitores de cinco continentes e cerca de
70 países. Os detalhes da eleição permanecerão em segredo, a menos que o novo
papa decida o contrário. O único dado certo é que ele obteve ao menos 89 votos
para ser eleito.
"O papado permanece na América Latina" com Leão XIV, a quem Francisco chamou "de uma diocese remota do Peru" para dirigir o dicastério-chave dos bispos, escreveu na rede social X Antonio Spadaro, subsecretário do Dicastério para a Cultura e a Educação.
Na Praça de São Pedro, o padre Alfredo Mora, de 41 anos, lembrou o trabalho do agora pontífice no país andino, quando "em meio à pandemia se reunia com os sacerdotes".
"É um bispo muito próximo e que leva muito em conta a doutrina", acrescentou.
Os fiéis e turistas reunidos na Praça de São Pedro saudaram sua aparição na sacada com uma estrondosa salva de palmas enquanto os sinos tocavam, pouco mais de uma hora depois da fumaça branca sair da chaminé instalada no teto da Capela Sistina.
As milhares de pessoas reunidas na praça agitavam bandeiras de Brasil, Chile, Polônia, Colômbia, Itália; alguns choravam; outros gritavam "Viva o papa!". Os fiéis italianos esperavam, cantando seu hino nacional, que o escolhido fosse um compatriota, em vão.
Nos próximos dias, em data a ser definida, ocorrerá uma espécie de investidura papal com uma missa celebrada diante de líderes políticos e religiosos do mundo todo.
Mas seus primeiros atos públicos serão uma missa para os cardeais na sexta-feira na Capela Sistina e a bênção Regina Coeli no domingo, da sacada da basílica de São Pedro, como exige a tradição.
Os cardeais optaram pela continuidade, embora se espere que este estadunidense, criado cardeal em 2023 por Francisco, adote uma abordagem mais formal do que o predecessor, que sacudiu a Santa Sé com um exercício pessoal e até frágil do poder.
O primeiro papa chamado Leão desde 1903 chega ao trono de São Pedro com uma inclinação pastoral, perspectiva global, capacidade para governar a cúria vaticana e uma reputação de moderado e "construtor de pontes".
"Estamos
em boas mãos", disse Michael Angelo Dacalos, um sacerdote das Filipinas de
35 anos, para quem a escolha do nome é um bom sinal, pois Leão XIII foi
"muito, muito ativo quando se tratava de justiça social".
Publicado
originalmente no portal O Povo +
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