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26 de julho de 2025

Fiec reúne exportadores cearenses para discutir soluções ao tarifaço de Trump

Representantes de empresas como ArcelorMittal, Aeris, Usibras, Grendene, Vicunha e outras estiveram presentes (Foto: George Lucas)

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) reuniu exportadores cearenses para discutir possíveis soluções diante da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A iniciativa visa compreender os efeitos da medida sobre a indústria local e elaborar uma proposta estruturada a ser encaminhada tanto ao governo estadual quanto federal.

O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, defendeu uma abordagem colaborativa e orientada por dados, capaz de gerar respostas práticas para o setor produtivo. Segundo ele, o momento exige união das cadeias afetadas e inteligência estratégica para lidar com os impactos.

“Entendo que cada setor vai sofrer de uma forma diferente e, por isso, precisamos de soluções diferentes, mas nós precisamos juntar as cadeias produtivas afetadas e olhar a nível de estado o que pode ser feito."

Empresas como ArcelorMittal, Carnaúba do Brasil, Aeris, Usibras, Grendene, Grupo Vicunha, Rimo Mastrotto e Duramental estiveram presentes, além de sindicatos dos mais diversos setores da indústria.

Outro ponto destacado por Ricardo Cavalcante foi o trabalho desenvolvido pelo Observatório da Indústria Ceará, centro de inteligência da Fiec, que reúne dados e análises estratégicas sobre o setor industrial.

Para ele, as ferramentas do Observatório podem orientar os empresários na identificação de novos mercados, no mapeamento de insumos alternativos e no planejamento de rotas de exportação mais seguras.

"O Observatório da Indústria Ceará consegue mapear dados de cada setor em tempo real, ajudando as empresas na prospecção e ampliação de novos mercados, podendo indicar possíveis caminhos a seguir", destacou.

Articulação diplomática e soluções orientadas por dados

Durante o encontro, foram discutidas diversas frentes de atuação para enfrentar o novo cenário. A defesa da via diplomática com os Estados Unidos foi apontada como essencial para evitar o agravamento das barreiras comerciais.

Ao mesmo tempo, foi destacada a importância de fortalecer estratégias de diversificação de mercados e de origem de insumos, medida já adotada por setores como couro e calçados.

Além disso, o uso dos dados produzidos pela Fiec servem como base para mostrar que as tarifas impostas aos produtos brasileiros também afetam negativamente indústrias americanas que dependem, por exemplo, do aço semiacabado do Brasil.

A proposta debatida ao fim do encontro é construir uma agenda de resposta articulada, que envolva os governos estadual e federal e leve em consideração as particularidades de cada setor.

A Fiec e a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), segundo Ricardo Cavalcante, já atuam para intensificar esse diálogo institucional, com o apoio técnico das suas áreas econômicas e de comércio exterior.

Cenário da exportação cearense aos EUA

Na reunião, o economista-chefe da Fiec e gerente do Observatório da Indústria Ceará, Guilherme Muchale, também apresentou um panorama da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, com foco especial no desempenho do Ceará.

Os dados do Observatório da Indústria, em parceria com o CIN, mostram que, mesmo com a perda de protagonismo dos EUA na pauta exportadora brasileira nas últimas décadas, o Ceará preserva laços econômicos consistentes com o país norte-americano.

No primeiro semestre de 2025, o Estado exportou cerca de US$ 556,7 milhões aos Estados Unidos, o segundo maior volume já registrado na série histórica iniciada em 1997.

Atualmente, mais da metade das exportações cearenses (51,9%) tem os EUA como destino, percentual que coloca o Ceará como líder nacional em participação proporcional no comércio bilateral. No conjunto do Brasil, os Estados Unidos respondem por apenas 12,1% das exportações totais.

Esse protagonismo, contudo, está fortemente concentrado. Mais de 76% das exportações do Ceará para os EUA correspondem a produtos semimanufaturados de aço, como placas e ligas metálicas. Outros itens relevantes, embora com menor peso na pauta, incluem peixes congelados, sucos e castanha de caju.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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