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20 de agosto de 2025

União Progressista nasce dividida

PP e União Brasil formalizam aliança, em Brasília, mas ainda não há consenso sobre ser ou não oposição ao governo Lula (Foto: Vinicius Lima)

Oficializada nesta terça-feira em um grande evento realizado em Brasília, a federação União Progressista (UPb) sacramentou a parceria entre o União Brasil e o Progressistas. No dia da criação, o grupo expôs divisão sobre ser ou não oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A cerimônia contou com a presença de governadores, prefeitos, deputados, senadores e militantes de todo o Brasil, além de lideranças de outros partidos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB); e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes.

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil), disse que a nova federação não é contra ou a favor do governo Lula. "Não é um movimento de oposição e situação. Foi um movimento de política com 'P' maiúsculo com o olhar voltado para o futuro do Brasil", argumentou. Mas os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira, afirmaram o contrário.

Atualmente, o União Brasil tem três ministros no governo: Celso Sabino, no Turismo; Waldez Góes, na Integração Nacional; e Frederico de Siqueira, nas Comunicações. O Progressistas tem André Fufuca no Esporte. Segundo lideranças da federação, os ministros devem deixar o governo Lula em breve.

"Se depender de mim e do presidente Antônio Rueda (União Brasil), nós iremos desembarcar deste governo o mais rapidamente possível, mas essa tem que ser uma decisão conjunta da bancada e do diretório. Mas pode ter certeza que não vai demorar para que isso aconteça", frisou Ciro Nogueira. Questionado se haveria alguma discordância interna com relação à saída do governo, Ciro disse que "talvez tenha uns 5% da bancada" está querendo ficar.

"O Progressistas e o União têm uma característica, que é trabalhar com o convencimento. Nós não temos por que nos manter próximos a este governo. É um governo em que não acreditamos, que tem feito muito mal ao nosso país", enfatizou Nogueira. "Se dependesse de mim, o Fufuca não tinha nem entrado."

Ele confessou se sentir "constrangido" com a presença de integrantes da federação na equipe de Lula. "Eu defendo que isso seja proibido terminantemente, mas isso tem que ser uma deliberação dos dois partidos", admitiu.

Rueda, por sua vez, disse que o próximo passo será as duas legendas chamarem convenções e comissões executivas para decidir o assunto. "O quanto antes a gente tratar disso será mais simples tocar essa federação", argumentou.

Ter um candidato ao Planalto em 2026 é um dos objetivos, segundo Nogueira. "Eu defendo que possamos definir o mais rapidamente possível um quadro que possa nos levar à vitória. Se todas as lideranças que unimos estiverem juntas na próxima eleição, vamos ganhar com toda certeza no primeiro turno", sustentou.

Rueda fez coro: "Esta federação nos posiciona como a maior potência política do Brasil, com acesso aos maiores recursos de fundo eleitoral e partidário para impulsionar todas as nossas ideias. Imaginem o impacto disso nas eleições de 2026?". O União Progressista contará com a maior fatia do fundo eleitoral (R$ 953,8 milhões, segundo valores de 2024) e do fundo partidário (R$ 197,6 milhões).

Há decisões ainda a serem tomadas rumo à disputa eleitoral em 2026. De um lado, alas do PP defendem maior alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Já o União tem um pré-candidato para a disputa pela Presidência da República no próximo ano: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, presente ao evento desta terça-feira. O chefe do Executivo goiano cobrou uma posição clara da federação. "Partido tem que ter rumo, partido tem que voz clara. É preciso que o partido lance candidato, tenha posição clara e que a posição é derrotar Lula na eleição de 2026. Não tem opção", disse. Ele também ressaltou que a direita não precisa depender de Bolsonaro para decidir a escolha do candidato de oposição a Lula.

À noite, em jantar de governadores e líderes partidários, também em Brasília, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, rebateu Caiado. "Vai estar todo mundo unido (direita), unido no ano que vem. Ninguém quer perder eleição, e nós não estamos enfrentando um cidadão inexperiente", afirmou. "Isso (a união) deixa claro para a população que a centro-direita está definitivamente ciente da sua responsabilidade e que nós vamos para o processo 2026 para ganhar as eleições do PT e do Lula."

Publicado originalmente no Correio Braziliense

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