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| Estudos mostram que as mudanças climáticas são uma das maiores ameaças à saúde pública neste século (Foto: Wilton Júnior) |
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) levantou a discussão sobre o envelhecimento da população em um ritmo muito mais rápido do que os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Esse é um problema que o governo precisará se preocupar, assim como as mudanças climáticas, que exigem maior proteção aos riscos, tanto do envelhecimento da população quanto do aumento da frequência de desastres climáticos devido ao aquecimento global. Foi esse o tema do debate do segundo dia de eventos da Casa do Seguro, em paralelo à 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas (COP30).
Eles destacaram que será cada vez mais frequente a necessidade de poupar mais para a proteção de riscos e desastres ambientais, dependendo da área em que as pessoas moram, e também para complementar a aposentadoria. Como isso, seguros de vida e de previdência são importante e, também, fundamentais para alavancar a economia.
“A transição demográfica no Brasil é uma das mais aceleradas do mundo. A terceira global, atrás apenas da China, por conta da política de filho único, e do Japão, devido ao pós-II Guerra Mundial. Logo, o país tem o caso mais natural de transição demográfica e, portanto, o mais grave”, comentou o diretor da Bradesco Vida e Previdência, Estevão Scripilliti.
Ele ressaltou que o setor de seguros é uma das principais alavancas do Produto Interno Bruto (PIB). “Para cada R$ 1 bilhão contratado em seguro, isso implica em R$ 1,5 bilhão a mais na economia, R$ 500 milhões em tributos e sete milhões de empregos gerados na cadeia produtiva como um todo”, afirmou.
Impacto
climático
"Os mais vulneráveis sempre sofrem mais as consequências das mudanças climaticas e isso aumenta o risco e a fragilidade das populações mais pobres. Além do mais, as mudanças climáticas são uma das maiores ameaças à saúde pública neste século. E o envelhecimento da população torna ainda mais difícil a complexa adaptação ao novo clima”, alerta o cientista Paulo Artaxo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Painel Intergovernamental da ONU sobre o Clima (IPCC), que vem fazendo advertências sobre o aquecimento global há décadas.
De acordo com Cartaxo, o Brasil, por conta da localização geográfica, é um dos países mais afetados pelas mudanças climáticas. Há estudos que mostram que, em áreas mais úmidas, as ondas de calor são responsáveis pelo aumento da mortalidade das pessoas, que, atualmente, é maior do que os deslizamentos de terra.
“A temperatura média do planeta vem aumentando mesmo quando a gente reduz emissões. No caso do Brasil, que é um país com clima úmido, as ondas de calor são mais perigosas, e a zona de perigo começa em 30º C. Isso é uma particularidade do nosso país que temos que pensar”, alertou Cartaxo.
Ele citou um estudo recente que mostra que o impacto das ondas de calor em regiões metropolitanas provocou 48 mil mortes adicionais nas regiões metropolitanas, entre 2003 e 2006.
Poupança
necessária
Estimular a poupança por meio da previdência privada e do seguro de vida é um dos mecanismos que países desenvolvidos adotam para proteger a população, de acordo com especialistas. Eles lembram que, no Brasil, o mercado de seguros ainda é pequeno, se comparado com outros países. A penetração do seguro de vida no Brasil, por exemplo, é de 10% da população e a maioria dos segurados são das classes A e B.
A massificação do seguro, por meio de apólices mais simples e mais acessíveis, é um dos caminhos, de acordo com Rui Esteves, diretor de Estatística e Estudos Técnicos do Grupo Fidelidade.
“O mercado de seguro de pessoas está se reinventando e massificando, com proteção menor e de impacto social que consegue avançar. Mas ainda estamos em um nível de penetração muito baixo de países como os Estados Unidos, de 92%, e Japão, de 98%”, afirmou Esteves.
Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade da MAG Seguros, reforçou o alerta de Cartaxo sobre a questão da sustentabilidade do clima e o envelhecimento da população. “O Brasil está envelhecendo antes de ficar rico, ao contrário de outros países, que enriqueceram antes de envelhecer”, alertou.
Na avaliação de Molina, é preciso estar preparado para um cenário que se aproxima e que é inevitável, pois as aposentadorias são descontados em folha de pagamento, e os jovens não querem e não vão querer trabalhar para sustentar o sistema atual da Previdência Social — e, assim, custear a aposentadoria dos que contribuíram e que vão envelhecer.
“Façam poupança porque a sociedade não vai ter dinheiro para sustentar grandes programas de seguro social”, previu.
Molina
destacou que, no futuro, o seguro social vai corresponder a uma renda mínima,
porque o governo não terá condição de custear os benefícios na mesma proporção
atual. Com mais de 90 anos e ainda trabalhando, ele recomendou que todos os
indivíduos precisam fazer poupança para chegar a uma idade para que possam
utilizar esse recurso, sem se aposentar para continuar trabalhando “com um
nível menor de estresse”.
Publicado
originalmente no Correio Braziliense
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