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21 de dezembro de 2018

O que determinou a volta do acirramento político do País

Em Minas Gerais, cerimônia teve discussão e até agressões (Foto: Reprodução TV)
Quase dois meses após o fim das eleições, o acirramento político que marcou a campanha ganhou novo fôlego. Em alguns estados, o palco do retorno dos embates ideológicos foram as diplomações dos candidatos eleitos, cerimônias institucionais organizadas pelos tribunais eleitorais, mas que este ano ganharam um contorno político inédito: cartazes, livros, gritos de guerra, vaias, xingamentos e até agressões físicas protagonizaram as cerimônias.

Cientistas políticos ouvidos pelo jornal O POVO avaliam que, embora a polarização ideológica vivenciada nas eleições não tivesse arrefecido totalmente, ela tinha amenizado. O que serviu de ingrediente para elevar a temperatura foi a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, de soltar todos os presos com condenação após a segunda instância, o que atingiria o ex-presidente Lula (PT).

O ato de Mello, na última quarta-feira, 19, durou apenas algumas horas até ser derrubado pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, mas foi o suficiente para marcar as diplomações de estados como Minas Gerais e Ceará, para onde deputados petistas eleitos levaram faixas e cartazes com os dizeres "Lula livre".

Em Minas Gerais, onde o cerimonial do evento proibiu tais manifestações, o deputado federal eleito Cabo Junio Amaral (PSL) tentou arrancar um cartaz das mãos do outro deputado Rogério Correia (PT), gerando agressões físicas. No Ceará, teve cartaz em favor de Lula e até livro: o deputado federal Heitor Freire (PSL) escolheu o "A Verdade Sufocada", do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-CODI durante a ditadura militar.

"Esse foi um ano muito violento na política. Então, quando praticamente no final do ano o ministro Marco Aurélio toma essa decisão jurídica, ele acaba elevando a temperatura de um caldeirão que já estava quente. A verdade é que o clima nunca arrefeceu totalmente, mas estava em um nível suportável", avalia o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Prando acredita que o clima pode esquentar ou esfriar a depender da postura do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). "Se ele abrandar o discurso, tirar as roupas de candidato e portar-se como presidente, talvez a gente possa voltar a um nível suportável de divergência política sem que ela descambe para a violência", concluiu.

Já Adriano Gianturco, professor de ciência política do Ibmec-MG, avalia que essa tensão política é "natural" e que, inclusive, "já era prevista, imaginada". Ele admite, porém, que, se comparadas aos anos anteriores, as diplomações refletiram a polarização atual. "Na política, é normal que exista isso. O normal é que política seja conflito, e não diálogo como alguns gostam de dizer", afirma.

Questionado se esse clima será levado aos trabalhos do Congresso Nacional, ele afirma que é provável que sim. "Em parte, a política é um palco. Esses papéis continuarão a ser encenados. O que mudou é que agora há um novo embate, entre direita e esquerda", diz Gianturco.

Com informações portal O Povo Online

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