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25 de fevereiro de 2020

No Ceará, Moro evita críticas aos policiais militares por Henrique Araújo

Os ministros Sergio Moro e Fernando Azevedo em reunião no Palácio na Abolição (Foto: Fabio Lima)
De passagem por Fortaleza para acompanhar a execução da operação de Garantia da Lei da Ordem (GLO), decretada pelo governo Bolsonaro, o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) evitou criticar policiais militares que paralisam as atividades no Ceará desde a terça-feira, 18.

Em entrevista coletiva ao lado do governador Camilo Santana (PT) na manhã desta segunda, Moro jogou panos quentes sobre o cenário no estado. Disse que estava “sob controle” e que o Exército cumpria função de segurança nas ruas. Também falou que a situação local era “temporária e deve ser resolvida brevemente”.

Moro não mencionou o motim uma única vez. Pelo contrário. Enquanto Camilo voltou a dizer que PMs descumpriam a Constituição Federal, o ministro contemporizou. “Os policiais são profissionais dedicados, que arriscam sua vida e devem ser valorizados”, respondeu a uma pergunta de jornalista.

O papel de Moro no Ceará é duplo: como ministro, vistoriar a GLO – estava acompanhado do chefe da Defesa. Como político, garantir que a imagem de Bolsonaro saia ilesa da intervenção. Afinal, os militares são parte importante da base do eleitorado do presidente. No 18º Batalhão da PM, epicentro da paralisação, o grito de “mito” foi ecoado algumas vezes.

Isso explica por que, desde que os PMs cruzaram os braços no Ceará, não se ouviu uma só reprimenda de Moro e Bolsonaro sobre as ações dos agentes. Se já foi diligente e talvez precipitado noutras situações, apressando-se a emitir juízos fora dos autos, o Moro de agora é diferente.

No Ceará, Moro apresentou-se menos como ministro da Justiça e mais como um agente destacado do bolsonarismo, que aportou ao Estado para assegurar os interesses políticos de seu chefe.

Institucionalmente, a missão que lhe cabe aqui exigiria forçosamente uma condenação explícita e sem meias palavras da conduta de parte da polícia, sobretudo depois do toque de recolher em Sobral. Na prática, o ministro jogou para o público do seu chefe superior e abrandou o discurso, saindo pela tangente.

Publicado originalmente no portal O Povo Online


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