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12 de abril de 2020

Cloroquina: populismo farmacêutico por Carlos Mazza

A hidroxicloroquina não é uma cura para o coronavírus. Se assim fosse, o mundo não estaria trancafiado em casa. Se tivesse uma cura bem ali do lado, dando sopa, Donald Trump não estaria saqueando navios de respiradores e máscaras após seu país - o mais rico do mundo - bater a marca de duas mil mortes diárias.

O medicamento é sim, no entanto, uma alternativa no tratamento da doença. Administrada no ambiente hospitalar e sob supervisão médica, há evidências de que já salvou e ainda salvará muitas vidas. É, portanto, uma aliada importante. Dipirona e paracetamol, em menor grau, também são.

A cloroquina, no entanto, com possíveis efeitos colaterais nocivos e que é extremamente necessário para pessoas com malária, artrite reumatoide e outras doenças. Quem diz essas coisas não sou eu, mas técnicos do alto escalão do Ministério da Saúde.

No final das contas, o recente acirramento em torno do uso ou não do remédio é só mais um episódio do permanente fla-flu ideológico que tomou o País há anos. Conseguimos a proeza de, em meio a uma pandemia que arrasa economias e sistemas de saúde no mundo todo, criar o conceito do tratamento médico "de direita". A cloroquina é importante, mas não é cura milagrosa.

Mais do que nunca, a hora é de abandonar acirramentos políticos e seguir os especialistas. Não se automedique. Não deixe de lavas as mãos ou evitar aglomerações confiando em qualquer remédio, muito menos sem eficácia comprovada. Provavelmente, no entanto, o embate está longe de acabar.

Publicado originalmente no portal O Povo Online



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