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4 de abril de 2020

Problema não é eleição com coronavírus, é a campanha por Érico Firmo


Termina hoje um dos prazos mais importantes do calendário eleitoral. É a data limite para quem quiser transferir domicílio eleitoral ou se filiar a partido político. Também é o prazo para secretários municipais ou estaduais que queiram ser candidatos a vereador deixarem o cargo. Costuma ser período de efervescência, reviravoltas e surpresas. A movimentação ocorre virtualmente e nos bastidores. Mas, a quarentena atrapalha e ofusca esses movimentos. A rigor, ninguém sabe se daqui a seis meses haverá mesmo votação.

Mais complicado não é ter votação em 4 de outubro, em que pese o álcool em gel antes e depois de digitar na urna, as filas etc. Mas, a campanha nos 45 dias anteriores, como é que faz? Como faz campanha para vereador dizendo aos candidatos que não vão sair apertando a mão dos eleitores? É uma eleição municipal, aquela na qual o contato direto é maior. No Interior, nos municípios pequenos, a campanha é isso mais que qualquer outra coisa.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai por ora mantendo os prazos. E tem razão para isso: falta marco jurídico para adiar as eleições. Os prazos e o calendário são previstos em lei. Então, muda-se a lei, certo? Tem outro problema. A lei também prevê que qualquer mudança no rito precisa ocorrer até um ano antes da eleição. A data já passou desde outubro de 2019. A chamada anualidade é importante para prevenir casuísmos, manobras e mudança de regras com o jogo em andamento para favorecer ou prejudicar algum candidato.

Porém, a pandemia se impõe. Muda realidades no mundo todo, mexe com as estruturas pelo planeta. Não vai ser a política brasileira que pode imaginar que seguirá seu rumo normalmente. O caminho seria uma mudança constitucional. A formalidade, a rigor, é o de menos. Por ora, o TSE vai mantendo a toada enquanto se aproxima o período de tomar as decisões. Em julho é o início das convenções. Em agosto começa a campanha. Antes disso a decisão será tomada. O TSE aguarda as coisas clarearem para tomar a decisão.

O adiamento é provável, mas não é simples. Quando seriam as eleições? Adiar por um mês resolve? Se não resolver, a votação entrará por Natal e Ano Novo. Se adiar um pouco mais, pegará o Carnaval. Se for em março, a campanha eleitoral atravessará o período carnavalesco. Já pensou essa mistura, que beleza seria? Para não haver, a eleição teria de ser entre abril e maio. Daqui a um ano. Como a posse não é imediata, estamos falando de coisa de seis meses a mais de mandato para os atuais prefeitos e vereadores. Não que eles se importem desse sacrifício, por certo.

O fato é que a equação não é simples. Aliás, nada é simples. Manter eleição em outubro, com a pandemia, é bem complicado. A França chegou a realizar primeiro turno das eleições locais e, com o agravamento, adiou o segundo turno para sabe Deus quando. Adiar a eleição também não é simples. Mas, convenhamos, acomodar tudo isso, a essa altura, é o de menos.

Os dias dos mil mortos
Dez de dezembro de 1878 é uma data trágica na história de Fortaleza como nenhuma outra. Naquele dia foram sepultados 1.004 cadáveres de vítimas da epidemia de varíola que assolou o Ceará, no meio da mais terrível seca que o Estado já enfrentou.

Na quinta-feira, a Universidade Johns Hopkins computou 1.169 mortes por Covid-19 nos Estados Unidos. Foi o País a registrar mais mortos em um único dia pelo novo coronavírus.

Superar a marca dos mil mortos tem uma carga simbólica terrível para qualquer pessoa. Para uma cidade que já viveu esse drama ainda mais. A tragédia que representou aquela epidemia de varíola é algo que não conseguimos nem dimensionar hoje em dia. Pois, o coronavírus é algo terrível e assola o mundo. Imagina o que era Fortaleza, com população na casa dos 50 mil habitantes, ter mil mortos em um dia. Na época havia muito preconceito, muita desinformação, medo de vacinas. As epidemias fazem muitas vítimas, mais ainda quando se somam à ignorância.

Com informações portal O Povo Online

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