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4 de novembro de 2018

A articulação de Camilo em Brasília no Governo Bolsonaro


Para enfrentar o desafio de construir um diálogo com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o governador do Ceará Camilo Santana (PT) precisará de mais do que seu perfil reconhecidamente conciliador. A parceria com senadores e com deputados federais será essencial, mas até o momento não é claro quem será o parlamentar com capacidade de fazer esse meio-campo.

Cientistas políticos ouvidos pelo jornal O POVO deram palpites, mas ponderam que será preciso, antes, entender como funcionará o Governo Federal e a liderança de Bolsonaro, que eles consideram "imprevisível", ao menos por enquanto.

Primeiro, eles destacam a postura do próprio Camilo, que já sinalizou uma busca de entendimento. "Vou procurar dialogar, contribuir (...). Acredito que nós vivemos em uma federação, e que a relação institucional possa existir entre a Presidência da República e os estados brasileiros", disse o governador em entrevista coletiva na última terça-feira, 30.

Bolsonaro, por sua vez, em declarações mais recentes, tem dito que "precisamos de mais Brasil e menos Brasília", em um aceno a uma possível descentralização do seu poder e mais autonomia aos estados. Se a promessa for cumprida, isso pode ser positivo para Camilo.

A aposta principal dos especialistas, porém, é na relação do governador com os senadores. "Os senadores não representam o eleitorado, mas o Estado, então é papel deles trabalhar pelos seus estados. Eu acredito que em algum nível essa disputa política poderá ser deixada de lado", espera Uribam Xavier, professor do departamento de ciências sociais da UFC.

Embora apenas um senador eleito, Cid Gomes (PDT), seja aliado de Camilo, há a expectativa de que, institucionalmente, haja diálogo também com o também recém-eleito Eduardo Girão (Pros) e com Tasso Jereissati (PSDB). Girão, que declarou apoio a Bolsonaro ainda durante sua campanha ao Senado, poderá ser uma peça importante nesse novo mandato de Camilo.

"O Governo do Ceará, ao qual eu faço uma oposição responsável, o que for para o bem do cearense eu vou estar junto com ele", afirmou Girão em entrevista ao O POVO. O senador eleito também disse que o governador deverá "buscar mais eficiência" na gestão do Estado para "ter um diálogo melhor a nível nacional".

Já Cid poderá, através do seu papel como opositor ao Governo Federal, alcançar um posto importante na Casa Legislativa. "Se a aproximação do Camilo com o Cid não for afetada por essa disputa entre PT e PDT que tende a se aprofundar, há um caminho aberto aí", acredita o cientista político Josênio Parente.

A Câmara dos Deputados também terá um papel crucial na construção dessa ponte. Nesse cenário, o poder do PT como maior partido da Casa funcionará como forma eficiente de pressão, sobretudo em parceria com o PDT. Do outro lado, o deputado federal eleito Heitor Freire (PSL), único representante na bancada cearense do partido de Bolsonaro, deverá trabalhar para garantir investimentos para o Ceará, mas buscando dissociá-los de Camilo. A mesma postura é esperada do também deputado eleito Capitão Wagner (Pros).

O cientista político da UFC Valmir Lopes não descarta o papel do atual presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB), apesar de ele não ter sido reeleito para o cargo. "Eunício poderá ter um papel importante, se permanecer na direção do MDB aqui no Estado e garantir um posto nacional no partido", avalia.

Há quem aposte que Eunício terá um cargo no governo de Camilo para facilitar a interlocução.

Com informações portal O Povo Online

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