A
exibição do último capítulo da novela Avenida Brasil, que vai ao ar às 21 horas
de hoje, mudou a rotina desta sexta-feira. Por causa do desfecho da trama
global, vários bares em Fortaleza - a exemplo da Zug Choperia, na Aldeota, e do
Boteco do Arlindo, no Bairro de Fátima - armarão telões e desde já ofertam
promoções especiais para convencer os clientes a saírem de casa e assistir, em
seus territórios, ao destino de Carminha, Nina, Santiago e cia.
Pelo
mesmo motivo, a família Teixeira marcou reunião extraordinária. Hoje à noite,
irmãos, tios, sobrinhos e primos (serão 25 ao todo) têm o compromisso de ir ao
apartamento da funcionária pública Marta Teixeira acompanhar juntos os últimos
lances do folhetim assinado por João Emanuel Carneiro - com direito a bolão
para adivinhar quem é o assassino de Max.
O
empresário Alex Façanha, outro aficionado por Avenida Brasil, valeu-se de
criatividade e tecnologia para driblar adversidades e assistir ao final da sua
novela preferida. Escalado para dar plantão como acompanhante do irmão, que se
recupera de uma cirurgia em um hospital, Alex usará um aparato para ligar o
iPad na TV digital e, assim, garantir qualidade de imagem nos momentos decisivos
da trama.
Até
a presidente Dilma Rousseff teve que alterar seus planos por causa da novela.
Sua participação no comício de Fernando Haddad, candidato petista à Prefeitura
de São Paulo, estava programada para acontecer hoje - no mesmo dia e hora do
término do folhetim eletrônico. Aconselhada pela coordenação da campanha
paulista, a presidente transferiu a data.
Mas
afinal de contas, o que tem de tão especial Avenida Brasil para causar tamanha
comoção nacional? “A novela acertou em cheio ao trazer como pano de fundo os
novos contextos sociais do Brasil. Ao ambientar seus personagens no subúrbio
carioca com uma visão positivista do cotidiano, o autor acionou mecanismos
psicossociais adormecidos, inclusive, em classes mais altas”, analisa o doutor em
Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP, Mauro Alencar. “A isso
podemos somar uma trama perfeitamente bem urdida, que flertou com outros
gêneros como o cinema e o seriado; com personagens densos, humanos a ponto de
tornarem-se adjetivos (caso do ‘Tufão’)”.
Outro
especialista ouvido pelo O POVO, o escritor Nilson Xavier, autor do Almanaque
da Telenovela Brasileira, completa: “Esta repercussão toda se deve à soma de
alguns fatores: um excelente texto, uma direção inovadora (cinematográfica algumas
vezes), e um elenco excepcional”.
Nilson
vai além e detalha as características que, em sua opinião, diferenciam esta
novela. “Eu cito, principalmente, a direção cinematográfica, em tomadas e na
fotografia, e a quebra de paradigma do folhetim tradicional: Avenida Brasil não
tem como tema central uma história romântica, mas uma história de vingança,
onde não existe o mocinho e o vilão, os personagens centrais não são
maniqueistas como no folhetim tradicional”.
Doutor
em Teledramaturgia pela USP, com tese recém-defendida sobre a construção do
vilão nas telenovelas brasileiras, Claudino Mayer faz reflexão similar as de
Xavier e Oliveira. “O sucesso dessa novela se deve ao bairro do Divino, ele
funciona independente da classe social, qualquer nível está representado ali”,
aponta. “Cada um daqueles personagens trouxe um tipo que é uma representação
dessa classe C que vem crescendo, são elementos de representação do povo
brasileiro. O João Emanuel Carneiro conseguiu. Ele estava no momento certo, na
hora certa. E olhe que é de elite, como é que consegue escrever assim sobre
esta nova classe C?! Além do que, ele vem construindo a novela num ritmo que se
aproxima do seriado”.
Elenco
A
construção psicológica das personagens protagonistas - Nina e Carminha - e a
excelente atuação de suas respectivas intérpretes (Débora Falabella e Adriana
Esteves) também são ressaltadas pelos especialistas ouvidos pelo O POVO.
“A
composição da heroína, da protagonista Nina impressiona pela complexidade e até
mesmo certa compaixão despertada por Carminha, a antagonista. São as
excepcionais atrizes que nos levam a tal sentimento ou o comportamento
psicossocial das personagens? Creio em ambos”, avalia Alencar.
Para
Mayer, os louros pela excelência de Carminha - a vilã a quem os brasileiros têm
adorado odiar - devem-se a Adriana Esteves. “A Carminha é uma vilã que vai ser
lembrada”, garante. “A construção dela se deve a Adriana Esteves. É uma atuação
espetacular. Ela consegue, em alguns momentos dialogar com a sociedade, mas vai
estar sempre dentre do plano ficcional. O que o João Emanuel conseguiu é criar
uma certa ambiguidade, tanto em Nina quanto em Carminha”.
Para
Mauro Alencar, faz todo sentido tanta deferência, tanto esforço para se
assistir ao final desta novela. “Avenida Brasil tornou-se um cânone da
teledramaturgia mundial”, justifica. “Ela propõe um novo caminho, traz um novo
fôlego a um gênero surpreendente como a telenovela, verdadeira vocação para um
laboratório humano, com toda a sua complexidade social e psicológica, ”.
O
quê
ENTENDA
A NOTÍCIA
Avenida
Brasil é uma telenovela de João Emanuel Carneiro, exibida pela Rede Globo, às
21 horas. Hoje será exibido seu último capítulo, de número 179, com a revelação
do destinos dos principais personagens.
"DA
PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF AOS BARES EM FORTALEZA, AVENIDA BRASIL MUDA A ROTINA
DO PAÍS. QUAL O DIFERENCIAL DESTA NOVELA PARA FAZÊ-LO?”
“ENTROU
PARA A HISTÓRIA COMO UM FENÔMENO DE REPER-CUSSÃO, POR TODA MOBILIZAÇÃO QUE
CAUSOU, PRINCIPALMENTE A VISTA NAS REDES SOCIAIS, DE UMA MANEIRA COMO ENHUMA
OUTRA NOVELA CAUSOU ANTES”
NILSON
XAVIER
O
SUCESSO SE DEVE AO BAIRRO DO DIVINO. ELE FUNCIONA INDEPENDENTE DA CLASSE OCIAL.
JOÃO EMANUEL CARNEIRO ESTAVA NO LUGAR CERTO, NA HORA CERTA “
CLAUDINO
MAYER
“AVENIDA
BRASIL TORNOU-SE UM CÂNONE DA TELEDRA-
MATURGIA
MUNDIAL. ELA PROPÕE UM NOVO CAMINHO, TRAZ NOVO FÔLEGO AO GÊNERO”
Por Émerson
Maranhão O Povo Online
E Altaneira como fica?
ResponderExcluirSe Dilma antecipou em 1h comício em Salvador, em Altaneira ninguém vai sair de casa dr...
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