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| Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem estão autoexilados nos EUA (Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados) |
Ramagem é foragido da Justiça brasileira por participar de trama golpista após as eleições de 2022. Foi condenado pela Primeira Turma do STF a 16 anos de prisão, ao final do julgamento sobre a tentativa de ruptura institucional. Moraes também ordenou, no fim do mês passado, que o parlamentar perdesse o mandato.
No governo de Jair Bolsonaro, Ramagem era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e utilizou o órgão nas manobras para manter o ex-presidente no poder. Ele foi condenado pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Ao contrário de outros integrantes da trama golpista, o deputado foi absolvido em relação aos crimes de dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado, já que os delitos ocorreram depois de ser diplomado no novo cargo.
Em relação ao filho 03 de Bolsonaro, a decisão ocorreu porque ultrapassou o limite de faltas nas sessões legislativas da Câmara. O deputado acumulou 59 ausências desde que foi para os EUA, em março, alegando perseguição política. Pelas regras da Câmara, um deputado perde o mandato caso falte a pelo menos 1/3 das sessões deliberativas. Em território norte-americano, Eduardo moveu intensa campanha contra o Brasil a fim de tentar evitar que o pai fosse condenado por chefiar a organização criminosa que, segundo o STF, tentou dar um golpe de Estado. Fez várias gestões junto ao governo do presidente Donald Trump, que determinou um tarifaço de 50% às exportações brasileiras, além da inclusão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, e da mulher dele na lista de sancionados pela Lei Magnitsky. Aos poucos, essas restrições estão sendo suspensas.
Irritação
Após o anúncio da cassação dos dois aliados, o líder da oposição na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que o partido vai recorrer da decisão da Mesa Diretora "a todas as instâncias". "Esperamos que, minimamente, o Estado de Direito ainda seja respeitado nesse país", disse o parlamentar. Com a cassação dos dois, assumem, respectivamente, os suplentes Missionário José Olimpio (PL-SP) e Dr. Flávio (PL-RJ).
Sóstenes, porém, evitou criticar Hugo Motta, mas atacou o restante da Mesa Diretora. "Na minha avaliação, é uma subserviência da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados a alguns membros do Poder Judiciário, em especial alguns ministros do STF, que decidiram fazer perseguição política e ideológica a quem é conservador e quem é de direita", disse, em crítica velada a Alexandre de Moraes.
Já o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), escreveu no X (ex-twitter) que a Câmara "extinguiu uma bancada de foragidos". Ele citou a decisão do Supremo que declarou a perda do mandato de Ramagem após condenação por participação em trama golpista e afirmou que, nos dois casos, a Câmara atuou dentro dos limites da Constituição.
"Somados, os dois casos deixam um recado institucional inequívoco no sentido de que ou o mandato é exercido nos limites da Constituição e da lei, ou ele se perde, seja pela condenação criminal definitiva, seja pela ausência reiterada e pela renúncia de fato às funções parlamentares. Como sempre defendemos, à Mesa coube apenas declarar a vacância, sob pena de usurpação da competência do Judiciário e violação frontal à separação dos Poderes, pois o mandato parlamentar não é escudo contra a Justiça e nem salvo-conduto para o abandono das funções públicas", disse Lindbergh.
Dos
EUA, o filho 03 alfinetou em vídeo o deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP),
que compõe a Mesa Diretora e votou pela cassação do correligionário.
"Tenho certeza de que fiz o certo e é isso que é o mais importante, mesmo
sabendo, agora, que os deputados federais beneficiados, que não teriam sido
eleitos se tivessem outro partido, estejam hoje votando para cassar o meu
mandato", criticou.
Publicado
originalmente no Correio Braziliense
Leia também:
Câmara decide cassar mandatos de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem: o que pesa contra eles?

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