5 de janeiro de 2024

Quem manda há mais tempo nos partidos no Ceará

 O deputado Eunício Oliveira é mais longevo dirigente de partido no Ceará (Foto: Ailton Freitas)

O ano político no Ceará começa marcado pela expectativa da filiação do grupo Ferreira Gomes ao PSB e pelo retorno do PDT ao controle do deputado federal André Figueiredo e do grupo de Roberto Cláudio. Os dois partidos têm tido trajetórias conturbadas nos últimos tempos no Ceará e negociam a formação de uma federação no âmbito nacional, que esbarra justamente em questões estaduais. Enquanto o controle dessas legendas sofre alternâncias, há partidos que chegam a somar décadas sobre o mesmo comando estadual. Embora isso não signifique que não tenham mudado de lado várias vezes no jogo político.

O mais longevo dirigente de partido no Ceará é Eunício Oliveira, à frente do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), antigo PMDB, desde 1998. Chega assim a 26 anos em 2024. O partido é atualmente o mais antigo partido com existência oficial e contínua entre as siglas brasileiras. No Ceará, tem uma tradição de longos comandos. Eunício foi eleito em 1998 ao derrotar o ex-senador Mauro Benevides, que dirigiu a legenda por 29 anos, de 1969 até aquela data. Antes, o MDB tivera apenas um presidente, José Martins Rodrigues.

A propósito, a tradição emedebista tem sido de transferir o poder de sogro para genro. O outro grande dirigente do MDB cearense, ao lado de Mauro Benevides, era Paes de Andrade, casado com Zilda Maria Martins Rodrigues de Andrade, filha de Martins Rodrigues. Eunício, por sua vez, é casado com Monica Paes de Andrade Lopes de Oliveira, filha de Paes de Andrade.

Outro marco de longevidade em direção de partido é Marcelo Silva, que comanda o Partido Verde (PV) no Ceará há mais de duas décadas, desde que foi prefeito de Maranguape, de 1997 a 2004. O PV hoje é parte de federação com PT e PCdoB.

Comando de longa data também tem o Cidadania. Alexandre Pereira, hoje secretário de Turismo de Fortaleza. Ele assumiu a presidência em 2009, quando o partido ainda se chamava PPS.

O PDT no Ceará era um partido que vinha sob longo domínio, o que foi rompido em 2023. O deputado federal André Figueiredo, no exercício da presidência nacional da legenda, acumlava a presidência estadual, que ocupava desde 2005, quando substituiu o ex-deputado estadual Heitor Férrer. Diferentemente do que ocorreu com outros partidos do grupo Ferreira Gomes, André manteve o comando da legenda, apesar de a hegemonia política ser do grupo sobralense desde 2015. Isso mudou após as eleições de 2022.

O partido rachou entre os que defendiam a candidatura de Izolda Cela à reeleição como governadora e os partidários de Roberto Cláudio, que acabou escolhido candidato. O senador Cid Gomes se manteve afastado do processo e, ao final da eleição, passou a defender a recomposição da antiga base governista, agora em torno da administração Elmano de Freitas (PT). A situação se tornou motivo de disputa interna.

Cid passou a defender que André não representava a maioria pedetista no Ceará e reuniu assinaturas no diretório estadual para destituir André. Chegou a haver acordo para o então presidente se licenciar e Cid, vice-presidente, assumir até o fim de 2023. Mas, a concessão de carta de anuência para a desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, levou André a considerar o acordo rompido e reassumir a legenda.

Seguiu-se disputa interna, com desdobramentos na direção nacional — comandada por André — e muitas querelas judiciais. O diretório foi inativado, André foi destituído, comissão provisória foi nomeada, em decisões que, na maioria, foram revertidas na Justiça. No fim das contas, Cid seguiu no partido até o fim de 2023, enquanto negociava a ida do grupo para o PSB. O mandato da direção anterior se encerrou em dezembro e uma nova comissão provisória assumirá o PDT e tentará rearrumar o partido que, até seis meses atrás, era o maior do Ceará. Da direção nacional, André Figueiredo segue como principal líder no Estado.

Com informações portal O Povo +

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