5 de julho de 2025

Os sinais da bancada cearense para Lula, por Érico Firmo

Apenas José Airton Luizianne e Guimarães seguiram a orientação do Governo na votação IOF (Foto: Reprodução/Instagram)

O tamanho do problema enfrentado pela gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a dimensão da derrota sofrida sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), está bem expresso na bancada do Ceará. No total do Congresso Nacional, foram 383 parlamentares contra o decreto de Lula e 98 a favor. No Jardim América, é o que se chama lapada. Os votos para derrotar o governo foram quase quatro vezes os favoráveis ao Palácio do Planalto. Não me recordo de um presidente enviar projeto importante ao Legislativo e nem chegar aos três dígitos de apoio entre os 513 deputados federais.

Entre os cearenses na Câmara, o placar foi 17 a 3. Os que se posicionaram para derrubar o aumento foram 5 vezes e meia os que ficaram a favor da posição de Lula. Aliás, ao lado do governo mesmo só ficaram, no Ceará, os três deputados federais do PT no Ceará: José Airton Cirilo, José Guimarães e Luizianne Lins.

Dos 17 contrários, só quatro foram de deputados federais assumidamente de oposição: André Fernandes (PL), Danilo Forte (União Brasil), Dayany Bittencourt (União Brasil) e Dr. Jaziel (PL).

Foram 11 votos — metade da bancada — de deputados teoricamente da base:

AJ Albuquerque (PP)

André Figueiredo (PDT)

Domingos Neto (PSD)

Enfermeira Ana Paula (Podemos)

Fernanda Pessoa (União Brasil)

Júnior Mano (PSB)

Leônidas Cristino (PDT)

Mauro Benevides (PDT)

Nelinho Freitas (MDB)

Robério Monteiro (PDT)

Yury do Paredão (MDB)

Até parlamentares do PDT, um partido que — a despeito dos problemas no Ceará — costuma ser muito fiel ao presidente, ficaram em peso contra Lula. Os quatro votos do partido no Estado foram para revogar a decisão. Até de Mauro Filho, que é vice-líder de Lula, posicionou-se contra. Nacionalmente, todos os parlamentares pedetistas que participaram ficaram contra o ato do Poder Executivo.

Os outros dois votos foram de parlamentares cuja postura entre ser base ou oposição não é tão evidente: Matheus Noronha (PL) e Moses Rodrigues (União Brasil).

Célio Studart e Luiz Gastão (ambos do PSD) não votaram.

O Ceará é um dos estados em que o cenário é mais favorável a Lula. A representação, na teoria, é amplamente pró-governo, o governador é petista e tem a única capital administrada pelo partido. O principal líder político na atualidade é o ministro Camilo Santana (PT). Se, mesmo assim, a posição em peso é contra o Planalto entre os parlamentares cearenses, é bom os articuladores abrirem o olho.

Pretendente ao Senado

O único deputado federal cearense do PSB também se posicionou para revogar o decreto. Trata-se de Júnior Mano, que foi eleito pelo PL, mas foi expulso no ano passado por fazer campanha para Evandro Leitão (PT) no 2º turno da eleição para prefeito de Fortaleza, contra André Fernandes (PL).

Mano se filiou então ao PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele tem sido apontado pelo senador Cid Gomes como a opção do partido para candidatura ao Senado no próximo ano. O posicionamento é usado como argumento contrário, principalmente por aqueles que querem emplacar Guimarães como concorrente ao posto.

Mais gente da base

De fato, se o critério for a fidelidade em relação ao IOF, as opções entre os aliados vão se restringir ao PT. Eunício Oliveira (MDB), que também almeja uma das duas vagas, está licenciado do mandato de deputado federal. Mas os dois deputados do MDB em exercício, Nelinho Freitas e Yury do Paredão, engrossaram fileiras pela derrota governista. Um deles é o suplente que assumiu durante a licença de Eunício. O outro era mais um filiado ao PL que foi expulso por, na época, “fazer o L” em foto ao lado de ministro.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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