2 de março de 2023

Lula se reúne com confederação sindical das Américas

Lula defendeu uma América Latina "mais unificada" (Foto: Reprodução/TV Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu ontem (01/03) com a Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) em um evento no Palácio do Planalto. Entre os convidados está o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.

No dia 25 de janeiro, Lula esteve em Montevidéu, no Uruguai, onde se reuniu com o presidente Luis Alberto Lacalle Pou e também se encontrou com o amigo e ex-presidente Mujica. Na ocasião, os dois posaram para fotos dentro de um fusca azul de propriedade do uruguaio.

Durante discurso, Pepe Mujica comentou sobre a covid-19, tecnologias de vacinas e defendeu uma união por parte dos países da América Latina para a mudança de regras financeiras. 

“Nós da América representamos 7% da população mundial, mas vimos morrer 30% das vítimas de covid da nossa população e não houve nenhuma reunião das Américas, nenhuma reunião entre os presidentes que viessem a trabalhar conjuntamente. Temos quatro ou cinco países que fabricam a vacina e não pudemos lutar como um verdadeiro continente em prol da vida de nossos filhos, tampouco conseguimos trabalhar de forma unida e precisamos ter consciência das nossa fraquezas e nunca mais cometer esse erro de não ter coragem de nos unirmos para nos defender, seja com Brasil, Colômbia, Chile, esquerda, direita nos defendermos como América”, pontuou.

“Isso porque ninguém vai nos dar os nossos direitos, a nossa prosperidade, se não soubermos lutar por isso conjuntamente. Vemos que o discurso de Joe Biden mencionou trazer patentes coletivas e depois calou a boca. E a China tinha conhecimento, Rússia, Europa, EUA e fecharam a boca quando deviam lutar para multiplicar a produção de vacinas para salvar as vidas. Essa é uma lição que precisamos aprender, precisamos nos unir para defender o nosso comércio, as nossas leis para auxiliar os nossos trabalhadores”, defendeu Mujica.

“Eles acabam impondo as regras deles como se fossem do mundo inteiro, inclusive, regras financeiras e ficamos padecendo. Vemos que daqui a pouco haverá uma grande discussão entre América e Europa e o que vamos levar até eles? Dez, quinze discursos diferentes ou um só com acordo continental sobre o que temos que dizer? E chamar o Brasil para nos representar e termos a coragem. Porque o Brasil é grande e forte, mas não vai ter a força necessária se não nos unirmos todos para modificarmos as regras”, emendou o ex-presidente uruguaio.

Mujica destacou que “não se trata de ser de esquerda ou direita”. “Se trata de não seguir sendo bobos, estúpidos porque sabemos que os trabalhadores perdem parte de seu salários porque existe a grande burguesia e essa pouca grande burguesia latino americana acaba perdendo também porque sabemos que para produzir e vender precisamos trabalhar com o menor preço possível e quando dependemos do sistema financeiro internacional das regras que eles estabeleceram, vemos que os benefícios vão para outros lugares do mundo e não chegam até nós. Somente nos unindo é que começaremos a mudar as regras do jogo”.

Força sindical

Presente no evento da Confederação, o  ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, destacou que o país sofreu desmonte também em relação a movimentos sindicais no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Não é segredo o sofrimento do povo brasileiro, da classe trabalhadora, o desmonte que aconteceu no país no governo nos últimos quatro anos de forma a desconstruir não simplesmente as estruturas do movimento sindical, um verdadeiro desastre”, disse, emendando sobre a necessidade de “sindicatos mais fortes” e da retomada de política de valorização permanente do salário mínimo, além do enfrentamento à desigualdade de gênero.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que as empresas de aplicativos “exploram os trabalhadores como jamais foram explorados” e defendeu uma América Latina "mais unificada", além de prometer governar para o povo mais pobre, trabalhador e mais necessitado".

“O movimento sindical a nível internacional vive uma situação complicada, difícil. Todos sabemos o que a chamada globalização dos anos 80 causou no mundo do trabalho. Todo mundo sabe os efeitos do mundo do trabalho com as empresas de aplicativo determinando o que acontece no mundo do trabalho em todos os países do mundo. E todos sabemos as dificuldades que os trabalhadores do mundo todos estão passando e sabemos a responsabilidade que os movimentos sindicais terão daqui para frente de tentar reestruturar uma nova relação, novo pacto na legislação de trabalho e capital”.

 

 

“Aqui no Brasil temos uma imensa maioria de trabalhadores que são intermitentes, temporários, que não conhecem seu empregador, que sequer tem onde reclamar quando alguma desgraça acontece. Eu digo sempre que era muito fácil fazer sindicalismo nos anos 60, 70, 80, quando nosso contato direto com o trabalho na porta da fábrica era muito grande. A gente sabia onde estava o empregador e sabia como brigar para enfrentar as adversidades no mundo do trabalho. Hoje não está tão fácil assim. O trabalho informal ganha dimensão maior do que a formal e as empresa de aplicativo exploram o trabalhador como jamais em outro momento da história os trabalhadores foram explorados”, emendou.

“Cabe, outra vez aos dirigente sindicais encontrar uma saída que permita que a classe trabalhadora do mundo inteiro possa reconquistar seus espaços, não apenas na relação com seus empregadores, mas nas conquistas da seguridade social que os trabalhadores estão perdendo em muitos lugares do mundo”.

Lula destacou então o papel do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, na “reconstrução da relação democrática com o movimento sindical”. “Ele sabe que foi praticamente destruído, grande parte das conquistas desapareceram e vamos ter que brigar outra vez, possivelmente com muito mais dificuldade para que possa devolver aos trabalhadores o direito de viver com o mínimo de dignidade”.

Ainda nesta quarta, o iFood anunciou a demissão de 355 funcionários, o que representa 6,3% de sua força de trabalho no Brasil. Na ocasião, Lula destacou ainda a necessidade de fortalecer o Mercosul, o Unasul e a Celac. “Temos consciência de que se cada país da América Latina tentar negociar individualmente, a chance de levar vantagem é muito menor do que a gente trabalhar de forma conjunta”, destacou o presidente.

Por fim, o petista defendeu uma América Latina "mais unificada" e “sem fronteiras”, além de prometer governar para “o povo mais pobre, trabalhador mais necessitado”.

Com informações portal Correio Braziliense

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