14 de maio de 2023

Flávio Dino é uma má escolha da oposição, Guálter George

O ministro Flávio já foi três ao Congresso Nacional (Foto: Tom Costa)

A estratégia da oposição no Congresso ficou clara desde o início: Flávio Dino, ministro da Justiça, seria um dos alvos centrais do esforço de desgastar o governo através de uma investigação parlamentar das circunstâncias que cercaram aquele 8 de janeiro de 2023, dia que ficou marcado por uma violenta ação de militantes mobilizados pela ideia de derrubar um presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, democraticamente eleito. Um momento dramático que, paradoxalmente, colocou Dino, pela posição que ocupa, na linha de frente dos combates àquela horda de fanáticos em verde e amarelo.

É uma coisa meio confusa desde sempre e, particularmente, tenho dificuldade de entender de onde saiu a ideia de que será ruim para o governo petista uma apuração mais profunda do que aconteceu naquela data trágica, em que a democracia brasileira balançou, perigosamente. Bom, mas voltando ao que tem sido a estratégia oposicionista, o foco no ministro Flávio Dino se mostra evidente desde o começo e até pode ter feito algum sentido por um certo tempo. Bem curto, inclusive.

Foram, até agora, três barulhentas idas dele ao Congresso para prestar contas do seu comportamento naquele dia e diante daqueles fatos, em comissões diversas, de deputados e de senadores. Pode-se dizer que em nenhum dos casos ele saiu menor do que entrou, ao contrário, sob o ponto de vista político, e até mesmo administrativo, a superexposição só lhe trouxe benefícios num balanço parcial que se faça dos resultados colhidos até agora por essa ofensiva oposicionista.

Mesmo em relação ao que aconteceu no campo das redes sociais, onde a oposição segue a reinar de maneira absoluta, a balança pende em favor de Dino. É ver o que seus embates no parlamento rendem memes, cortes e outros subprodutos da nova comunicação, ocupando espaços e predominando nos debates que correm pelo ambiente virtual a partir de suas tiradas irônicas, suas frases contundentes e bem construídas, ao responder ou rebater manifestações de representantes da oposição.

É a opinião que prevalece entre aqueles que tentam desgastá-lo? Não, não é. À coluna o senador cearense Eduardo Girão, do Novo, faz uma análise negativa do que tem sido a performance de Flávio Dino e parece manter firme a ideia de que se trata de um ponto frágil a ser exposto no que se entende de envolvimento, ou responsabilidade, do próprio governo Lula pelo que aconteceu em Brasília. "É uma postura debochada, prepotente, arrogante e que em nada colabora para o processo de pacificação do País", analisa o parlamentar, considerando que há prevalecido um "desrespeito" da parte do ministro da Justiça nas suas passagens pelo Congresso.

Também não se dê como anormal que as leituras estejam relacionadas aos vieses políticos e ideológicos de cada um. Ou seja, que quem gosta do governo avalie positivamente as participações de Flávio Dino e, por outro lado, que no lado de quem o combate o sentimento seja de desaprovação. Acontece que no meio disso há uma realidade, um mundo concreto, no qual demonstra-se evidente que o ministro da Justiça saiu-se muito bem até agora, o que exige dos que tentam constrangê-lo mais preparação do que até hoje demonstraram para enfrentá-lo no debate político.

"Se a pessoa está lá tentando proliferar fake news, agressividade e se comportando de modo ridículo, é claro que é um recurso retórico para sublinhar o ridículo, o absurdo"Flávio Dino, ministro da Justiça, explicando suas ironias ao participar de debates com parlamentares em audiências no Congresso.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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