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Lula concedeu entrevista ao podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown (Foto: Ricardo Stuckert) |
Com a popularidade em queda e o governo imerso em sucessivas crises, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que, se tiver a saúde e a disposição de hoje, caso se lance candidato em 2026, será "para ganhar as eleições". "Se depender do meu esforço físico, da minha consciência política, a extrema-direita não volta a governar este país", ressaltou, em entrevista ao podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown. Ele destacou o fato de extrema-direita tem procurado candidatos para lançar. "Eu vejo, todo dia, nome. Vejo Tarcísio, Ratinho, Caiado, Zema. Não tem nenhum problema. Pode procurar o candidato que eles quiserem."
O chefe do Executivo ainda desafiou os eventuais adversários. "Quem quiser ganhar de mim vai ter que andar mais que eu na rua, fazer mais discurso, conversar mais com o povo que eu e fazer mais do que eu", frisou. "E eu duvido que tenha alguém que seja capaz disso, pelo menos dos que estão aí." Ele se referindo a possíveis adversários, como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e de Minas Gerais, Romeu Zema. O ex-presidente Jair Bolsonaro insiste que vai se lançar na corrida eleitoral, mas está inelegível até 2030.
Lula também destacou a ascensão da extrema-direita pelo mundo, chamada por ele de "virulenta do ponto de vista do discurso, da prática política". "Uma extrema-direita com perfil nazista, fascista, com falta de respeito às instituições, aos movimentos sociais, a tudo que nós entendíamos que era normal respeitar", disse. "É um mundo novo na política, e não apenas no Brasil, no mundo inteiro. Tem uma turbulência no mundo."
Ele lembrou que a disputa política mudou desde os anos 1980. "Agora, os caras são inimigos e tratam como inimigos. Eles não perdoam nada. Você pode distribuir uma caneca de ouro, eles vão dizer que é de barro. Estão lá para destruir", acrescentou, ao comentar o papel da oposição atual. O petista reconheceu falhas na comunicação do governo e disse que "por melhor que faça uma coisa, eles (adversários) vão infernizar".
As declarações de Lula provocaram reação de parlamentares contrários ao governo. Líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) ironizou o tom confiante do presidente. "O Lula não anda nas ruas, ganhou eleição sem ir para as ruas, ele vive nos palácios e nas viagens internacionais. Ele está vivendo um mundo fictício que criou na mente dele."
"Retumbante
derrota"
O deputado Luciano Zucco (PL-RS) disse que o incômodo do chefe do Executivo é reflexo da atuação firme dos opositores. "Na verdade, se não fosse o trabalho incansável da oposição, o Brasil estaria em situação ainda mais crítica. Fomos nós que denunciamos o escândalo do INSS, cobramos a CPI do Roubo dos Aposentados, expusemos o aumento de mais de 25 impostos em pouco mais de um ano", disparou o parlamentar, ao relembrar as recentes derrotas que o governo enfrentou no Congresso. "Aliás, faço questão de dizer: que Lula seja mesmo candidato, porque, em 2026, a esquerda vai sofrer a mais retumbante derrota da sua história."
Zucco também disse que quem "infernizou" governos adversários foi o PT. "Foram eles que pediram o impeachment de todos os presidentes que vieram antes e depois de Lula. Agora querem oposição domesticada? Isso não existe em uma democracia verdadeira", completou.
O cientista político Felipe Rodrigues, mestre pela Universidade de Brasília (UnB), contextualiza o momento no país. Segundo ele, "2026 já começou". "O presidente está com altos índices de desaprovação, mas ainda é o nome natural da esquerda. Ao dizer que será candidato para ganhar, ele reforça sua liderança e, ao mesmo tempo, tenta empurrar adversários para o campo da direita, para a extrema-direita, mirando o eleitorado de centro", destacou.
Ele
avaliou que a declaração de Lula sobre a deterioração do ambiente político
reflete a realidade, mas não exclui o papel do próprio presidente nesse
cenário. "Seu discurso mobiliza a base, mas também alimenta a polarização
que ele critica. Vale lembrar que o PT, quando oposição, utilizava métodos
muito semelhantes aos que hoje condena. O termo 'infernizar' foi usado,
inclusive, por Jair Bolsonaro quando se referia à oposição durante seu
governo."
Publicado
originalmente no Correio Braziliense
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