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As três horas e meia em que Marina Silva esteve no Senado foi um espetáculo dos horrores (Foto: Geraldo Magela) |
Ao longo de sua vida, Marina teve sua cota de embates, contra a direita e até contra a própria esquerda. Agente política, causou em partidos e em eleições. Sua trajetória, no entanto, se sobressai na defesa da pauta de sua vida: o meio ambiente. É considerada autoridade no assunto e voz quando se fala em mudança climática. Mas, ali, quase sozinha na comissão, Marina não era figura política, mulher, muito menos ministra. Ela era a chance de tentar fragilizar ainda mais as legislações ambientais do Brasil.
"Ponha-se no seu lugar", "a mulher merece respeito, mas a ministra, não", as diversas vezes que o microfone foi cortado e o aumentar da voz, em tom de deboche. Decoro parlamentar? Era a ministra contra os senadores, um deles com o histórico de falar em "enforcá-la". Eles não queriam escutar nem debater, queriam colocar na berlinda do constrangimento quem eles acham ser a "culpada" na demora do processo de exploração da Margem Equatorial e da obra da BR-319.
O episódio tem os requintes de gênero — por que, para eles, como pode uma mulher negra querer não ser submissa? —, mas faz parte de um jogo maior diante da posição ambígua do governo sobre a pauta ambiental. Já que o Planalto e boa parte da base governista apoia a exploração da região, por que não "fritar" a insubmissa Marina?
Bom,
basta lembrar que, há poucos dias, o mesmo Senado aprovou o PL que muda as
regras do licenciamento ambiental. E, diante de um governo fragmentado, a
boiada vai passando, talvez não tão fácil, mas vai indo.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
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