6 de junho de 2025

Lula cobra "coragem" do Congresso para regular redes sociais

Lula discursou à comunidade brasileira em Paris (Foto: Ricardo Stuckert)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante encontro com a comunidade brasileira na França nesta quinta-feira (5/6), que o parlamento brasileiro deve ter "coragem" para regulamentar as redes sociais. Segundo o petista, as redes sociais "de social não têm nada", abrigam "muita coisa ruim, sobretudo para as crianças e para adolescentes".

"É preciso que o parlamento tenha coragem, se o parlamento não tiver, que tenham as supremas cortes dos países inteiros de fazer uma regulação. O mesmo crime que é julgado na nossa conversa pessoal tem que ser julgado na questão digital. O cara não pode, na relação pessoal, ser um e na rede digital ser um monstro, ser um troglodita que não respeita, que conta mentiras, que estimula as pessoas a praticarem coisas erradas", afirmou o presidente.

Lula ainda ressaltou que a luta contra as fake news é crucial. "A verdade não pode ser derrotada pela mentira, pela fake news e pela cretinice", disse, ao orientar que as pessoas não compartilhem informações falsas em suas redes sociais. A defesa da regulação das redes sociais foi uma das bandeiras entoadas pelo presidente do Brasil, durante sua viagem à França. O chefe do Executivo, entre outros pontos, também defendeu que o presidente da França, Emmanuel Macron, endosse a aprovação do acordo bilateral entre a União Europeia e o Mercosul. 

Câmara e STF

A bandeira da regulação das redes sociais também foi entoada hoje pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Ele disse que o país está “refém” das big techs por falta de regulamentação.

“Cabe ao Brasil buscar os exemplos exitosos do mundo e mais especialmente desses países para enfrentar a inteligência artificial, para que a gente não fique alguns anos refém do que estamos vivendo nas redes sociais, que não conseguimos ter um instrumento que possa dar tranquilidade para as pessoas na comunicação virtual”, disse o presidente do Senado, ao lado de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara.

O Supremo Tribunal Federal retomou ontem (4) o julgamento sobre a responsabilização de plataformas digitais e empresas de tecnologia por conteúdos publicados por usuários. Os ministros analisam a constitucionalidade de trechos do Marco Civil da Internet em resposta à omissão do Congresso em legislar sobre o tema.

Lula é homenageado na Academia Francesa, em Paris

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado, nesta quinta-feira (5/6), pela Academia Francesa, a mais antiga instituição literária da França, fundada em 1635. Essa distinção o tornou o segundo brasileiro a receber essa homenagem, após Dom Pedro II, que a obteve a honraria em 1872. O petista é o 20º chefe de Estado estrangeiro a ser agraciado com essa honra desde a criação da organização.

Realizada no Palais de l'Institut de France, a sessão na Academia Francesa ocorreu a portas fechadas. Em um comunicado, a Academia Francesa enfatizou que o convite a Lula reforça a importância que a instituição atribui às relações culturais franco-brasileiras e à riqueza desse intercâmbio, especialmente no contexto da temporada cultural França-Brasil de 2025.

Durante a homenagem, a palavra "multilateralismo" foi analisada no dicionário. "Eu queria dizer aos membros da Academia Francesa que vocês homenagearam um cidadão brasileiro que não é acadêmico. Eu só tenho um diploma primário e um curso técnico. O restante eu aprendi na vida, para sobreviver. Queria dizer para vocês que eu estou muito orgulhoso em ser o segundo brasileiro a ser homenageado nesta Academia e poder contribuir para a inclusão da palavra multilateralismo no dicionário da Academia Francesa", afirmou o presidente, em publicação no Instagram.

Multilateralismo

Além da leitura do significado de "multilateralismo", a conotação dessa palavra foi tema do discurso de Lula, na manhã desta quinta, após a reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron. Para o chefe do Executivo, Brasil e França precisam estar cada vez mais juntos para defender "três coisas sagradas": a democracia, o multilateralismo e o livre comércio.

"Não é possível destruir coisas que foram construídas com muita força depois da Segunda Guerra Mundial e tentar o protecionismo e o unilateralismo. É impressionante o crescimento do negacionismo e do radicalismo da extrema-direita, que não reconhece as instituições e a verdade, e estão ganhando espaço no mundo inteiro", disse.

Publicado originalmente no Correio Braziliense

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