13 de junho de 2025

Bloco de Elmano repete estratégia de 2022, por Henrique Araújo

Chiquinho Feitosa com Camilo e o presidente do Republicanos Marcos Pereira (Foto: Reprodução/Instagram)

Tratei ontem de uma estratégia do governismo estadual para 2026 que consiste, em resumo, numa velha tática de guerra: dividir para conquistar. No Ceará, não é propriamente uma novidade. Já em 2022, nas semanas que se seguiram ao racha entre PT e PDT, o então candidato ao Senado Camilo Santana deflagrou operação para embaraçar os movimentos do PSDB, à época cotado para a vice do candidato ao Executivo Roberto Cláudio, ainda filiado ao pedetismo.

Dirigente estadual tucano nesse período, Chiquinho Feitosa, certo de que pavimentava caminho para uma vaga no Senado na chapa encabeçada por Camilo, deu nó tático no ex-senador Tasso Jereissati - uma rasteira, em bom português. Em reunião convocada às pressas e a portas fechadas, Chiquinho, num lance novelesco, fez aprovar posicionamento que dificultava a composição do PSDB com o PDT.

O caso foi à barra da Justiça, que pendeu a favor do lado governista. Moral da história: RC ficou sem vice e sem candidato natural à Câmara Alta, que seria Cabeto Martins, ex-titular da Saúde. Corta para 2026: troque-se o PSDB pelo União Brasil e Chiquinho por outras lideranças, e o quadro se assemelha àquele de quase quatro anos atrás. Dentro do Abolição, há entendimento de que, se o movimento logrou sucesso uma vez, por que não repeti-lo agora?

Roberto Cláudio escaldado

Roberto Cláudio ao lado de Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil (Foto: Reprodução/Instagram)

O ex-prefeito Roberto Cláudio, no entanto, aprendeu a lição. É o que se nota por sua articulação cerrada em Brasília nos dias que antecedem a sua entrada no União, prevista para julho. No início desta semana, por exemplo, manteve tratativas com Antônio Rueda, presidente nacional do UB. Chegou a divulgar foto do encontro ontem, ecoando gesto que tem se repetido de parte a parte, numa guerra de imagens cuja finalidade é exibição de força.

A intenção da agenda de RC no DF é dupla, claro: assegurar-se de que o partido deve se firmar na oposição ao governador Elmano de Freitas (PT), sem qualquer risco de se bandear para o lado adesista da força; e se precaver de mobilizações divisionistas dentro da legenda, já em andamento a partir de agora, tal como o flerte do deputado federal Moses Rodrigues e do seu bloco político em Sobral com o Abolição - de olho numa cadeira de senador, hoje o principal trunfo da base "camilista" para atrair novos aliados e manter os antigos.

Mas essa divergência no União não se limita a Moses: afinal, que papel terá o prefeito Roberto Pessoa na eleição para o Governo do Estado em 2026? Liderança de peso do UB, é próximo de Elmano, de quem recebeu apoio em 2024 - o PT rifou a candidatura do deputado Júlio César na cidade para encampar novo mandato de RP (sem falar na dança das cadeiras entre vereadores na Câmara de Fortaleza, sob as bênçãos de Evandro Leitão, que acabou por beneficiar a família do gestor de Maracanaú).

Dúvida: os dois Roberto podem até estar no mesmo partido em poucos dias, mas estarão também no mesmo palanque? É questão sem resposta, por ora.

A guerra das suplências

Disse há pouco que o Senado é trunfo de ouro do governismo no Ceará, não sem razão. Tome-se novamente Chiquinho Feitosa. Preterido em 2022, está convencido de que é candidatíssimo a uma vaga de suplente de senador no próximo pleito, com boas chances de compor com o deputado federal Eunício Oliveira (MDB) na titularidade - outro parlamentar a quem foi prometido assento na Casa.

A segunda vaga, no entanto, é pura dor de cabeça para Elmano e Camilo, indecisos entre contratar uma crise com o ex-governador e hoje senador Cid Gomes (PSB) ou com o deputado federal José Guimarães (PT), também ele nome forte na bolsa de apostas para a senatorial.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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