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O ex-presidente Bolsonaro e seu advogado durante interrogatório (Foto: Antonio Augusto) |
Para as defesas, a peça mais importante pode acabar sendo a fala do tenente-coronel Mauro Cid. Ele confirmou o que havia falado, mas há intenções declaradas de explorar o que consideram contradições e mentiras. Hoje mais que nunca, porém, o aspecto jurídico envolve enorme peso político e os atores sabem disso. Daí os dois dias de interrogatório terem sido um grande espetáculo midiático, como acho que a política brasileira não produzia talvez desde a CPI da Covid.
Juridicamente não sei, mas como entretenimento, houve grandes momentos. Como quando o advogado do general Augusto Heleno, Matheus Milanez, pediu para a sessão de terça-feira começar um pouco mais tarde, porque ele queria mais tempo para jantar, porque na segunda-feira já era tarde. O horário marcado para o dia seguinte era 9 horas, mas Alexandre de Moraes foi inflexível. “Nove e dois”, foi o máximo que ele cedeu, brincando. Coitado do Matheus, sou solidário. Estou escrevendo esta coluna e também ainda não jantei. O assunto rendeu brincadeiras no dia seguinte, entre Moraes e o próprio advogado, e até de Jair Bolsonaro (PL).
Menos lúdico, mas sem deixar de ter lá seu humor, foi quando o advogado indagou Heleno se ele havia coordenado a elaboração de relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com informações falsas sobre a eleição.
- De maneira nenhuma. Não havia clima. O clima da Abin era muito bom, respondeu o general.
- A pergunta é só 'sim' ou 'não', desculpa, interveio o advogado diante do excesso de franqueza.
- Porra, desculpa, corrigiu-se o general.
Moraes então brincou:
- Não fui eu, general Heleno, que fique nos anais aqui do Supremo, foi o seu advogado.
Outro momento de descontração foi quando Bolsonaro convidou Moraes para ser vice dele em 2026. O ministro declinou. Mas o que me divertiu mesmo foi o preâmbulo:
- Posso fazer uma brincadeira?, perguntou o ex-presidente.
- Eu perguntaria a seus advogados antes, respondeu o ministro.
Mais um grande momento foi quando Moraes fez pergunta de praxe ao general Braga Netto:
- O senhor já foi preso alguma vez?
- Eu estou preso, senhor presidente.
- Fora essa vez.
- Fora essa vez, não, senhor.
- Eu sei que o senhor está preso, eu que decretei.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
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