O casal Trump tornou-se alvo de um protesto em massa dos brasileiros (Foto: Samuel Corum)
A
manifestação nas redes se espalhou com rapidez. Centenas de comentários com
frases como "Respeite o Brasil", "Brasil é soberano" e
"Viva o Brics" passaram a aparecer não apenas em publicações recentes
de Trump, mas também em postagens anteriores — muitas sem relação com a crise
diplomática ou comercial. O mesmo ocorreu no perfil de Melania, onde frases
como "mexeram com o país errado" e "deixem o Brasil em paz"
passaram a figurar entre os comentários.
Em
uma das publicações de Trump sobre uma visita ao Texas após as enchentes da
semana anterior, o conteúdo foi tomado por manifestações políticas brasileiras.
Já em um post de Melania anunciando um audiobook produzido por inteligência
artificial, o padrão se repetiu. A falta de novas publicações após o anúncio da
tarifa — feito em 9 de julho — levou os usuários brasileiros a retomarem posts
antigos. No perfil de Melania, postagens de 19 e 27 de janeiro, 27 de abril e
22 de maio foram invadidas por mensagens críticas. No caso de Trump, das 39
publicações feitas desde 14 de junho, todas receberam comentários recentes
relacionados ao Brasil.
Além da defesa da soberania nacional, muitos internautas atacaram diretamente Bolsonaro, réu no STF sob acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Diversos comentários pedem que ele seja preso e ironizam a tentativa de articulação com Trump para suavizar as consequências do processo judicial no Brasil.
"Jogo
nivelado"
O
episódio revela não apenas a repercussão negativa da tarifa entre brasileiros,
mas também um desconforto evidente com a postura de Trump ao interferir, ainda
que retoricamente, em um processo judicial em curso em outro país. A carta
enviada a Lula, na qual Trump afirma que "este julgamento não deve
ocorrer", ampliou o alcance do conflito. Ao justificar a sobretaxa, Trump
também alegou que o comércio entre os dois países "não é recíproco" e
que o índice de 50% "é muito inferior ao necessário para ter o campo de
jogo nivelado".
Diante
da reação nas redes, o gesto de Trump — que ecoa discursos bolsonaristas e
sugere perseguição judicial — foi interpretado por muitos brasileiros como uma
tentativa de interferência externa nas instituições do país. Até o momento, nem
Trump nem Melania se pronunciaram sobre os protestos em suas redes. A
movimentação, contudo, permanece visível e crescente — com brasileiros marcando
presença até mesmo em postagens sobre o 4 de Julho e conflito dos EUA com o
Irã, além de publicações sobre a aprovação de projetos de lei no Congresso
americano.
Os comentários, majoritariamente em português, foram marcados por emojis da bandeira do Brasil e menções ao Brics. De acordo com especialistas ouvidos ao longo da última semana pelo Correio, o verdadeiro pano de fundo da imposição tarifária não tem relação direta com o julgamento de Bolsonaro no Supremo. "A reunião do Brics ocorrida na semana passada aqui no Brasil o governo Lula insinuou ser desnecessária a atrelação do dólar nos acordos comerciais entre os países, o que, obviamente, enfraquece toda a economia americana", explicou o especialista em comércio exterior Felipe Bocayuva.
Publicado
originalmente no Correio Braziliense
Leia também:
Governadores aliados de Bolsonaro são os mais prejudicados pelo tarifaço
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