7 de junho de 2010

Mandalas proporcionam oásis de fartura no sertão


Enquanto os agricultores no Ceará sofrem com mais uma seca verde e as autoridades elaboram relatórios técnicos sobre a perda da lavoura de sequeiro, centenas de famílias estão livres da irregularidade das chuvas. São pequenos produtores rurais que produzem frutas, milho, feijão e legumes em projetos integrados mandala. Três exemplos mais recentes da viabilidade desse modo de produção estão localizados neste município, na região Centro-Sul.

O Projeto Mandala é um sistema de irrigação circular que facilita, de forma sustentável, a produção de diversas culturas de modo integrado, sem o uso de agrotóxicos. A mandala tem baixo custo de instalação e necessita de pequena área para implantação. O manejo explora, de maneira eficiente, os recursos hídricos, proporcionando a preservação do meio ambiente.

Geração de renda

No Ceará, o projeto vem sendo implantado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) e recebe assistência da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce). O programa tem caráter comunitário, mas o número de famílias ligadas às unidades produtivas é variável. Nos distritos de Amaniutuba, Iborepi e Mangabeiras estão localizadas três mandalas que já apresentam os primeiros resultados favoráveis de incremento da renda familiar. Essas unidades somam-se a mais seis que já estão em funcionamento. Em média, cada mandala custa R$ 6 mil.

Em cada unidade, foram construídos reservatórios com capacidade, cada um, para 16 mil litros de água, canteiros para plantio de hortaliças e instalado sistema de irrigação localizado por microaspersão, que tem como fonte poços amazonas. Após seleção dos produtores, capacitação e visita a outros projetos, as mandalas foram instaladas, sob acompanhamento e supervisão de técnicos da Ematerce. As famílias continuam recebendo assessoria técnica semanal. No sertão, as mandalas representam verdadeiros oásis, têm produção garantida e ampliam a renda familiar.

O casal agricultores, José Aparecido Rolim e Lenita Ricarte Viana, moradores da comunidade de Pendência, zona rural deste município, foi beneficiado com uma mandala que dispõe de nove canteiros. Foram cultivados coentro, alface, cebolinha, pimentão, batata doce, macaxeira e mamão.

Inicialmente, a venda de coentro e alface garante uma renda mensal de R$ 350,00. "Estamos satisfeitos", disse Aparecido Rolim. "Esperamos ampliar a renda da família quando a produção aumentar". Lenita Viana disse que ficou surpresa com o sistema de irrigação e mostrou-se satisfeita com o trabalho. "Não sabia que daria para produzir tanto em uma pequena área". O casal também está criando aves caipiras.

Outro exemplo de sucesso vem da localidade de Iborepi, distante 13 km da área urbana. O agricultor Francisco Beserra da Silva, acostumado ao trabalho pesado no preparo da terra e plantio de culturas de subsistência de milho, feijão e arroz, também ficou admirado com os resultados do Projeto Mandala. "É uma nova maneira de produzir, que não depende só da chuva", disse. "Já perdi muitas lavouras por falta de água".

A família do produtor Silva está contente com os resultados iniciais do projeto, que começou no ano passado e agora dá os primeiros frutos. A renda mensal obtida com a venda de hortaliças e de aves está em torno de R$ 200,00. A perspectiva da família é ampliar a produção. "Estamos começando agora, mas com esse projeto não sinto mais as dificuldades da falta de chuva".

Na comunidade de Oitis, duas famílias foram beneficiadas: os casais, Francisco Bandeira de Moura e Maria Soares Moura, e Cícero Antonio Severo da Costa e Jozenira Maria de Oliveira. O trabalho vem dando bons frutos. As tarefas são divididas e a renda familiar em abril passado foi de R$ 200,00.

A unidade de Oitis começou a produzir, semanalmente, tomate, quiabo, pimentão, coentro, cebolinha e até milho verde. "Em abril passado, ninguém produziu por causa da seca, mas nós conseguimos tirar 56 espigas de milho verde", disse Moura. "Estamos conseguindo vender a produção com facilidade".

Acompanhamento

Os agentes rurais Damião Pereira da Costa e Cícero Machado, que dão assistência técnica aos projetos Mandala, disseram que o clima entre os produtores é de otimismo e disposição para o trabalho. "Eles estão seguindo as orientações técnicas. Os produtos apresentam boa qualidade e suprem a necessidade local de consumo", frisou Costa.

Além da assistência técnica, as famílias são acompanhadas por uma extensionista social, que dá orientação sobre aproveitamento, consumo e valor nutricional dos produtos. A realidade mostra que a maioria dos agricultores desconhece a importância de frutas e verduras na alimentação, preferindo o consumo de cereais e carnes.

O chefe do escritório da Ematerce nesta cidade, Kleber Correia, avalia que os resultados são satisfatórios. "São ações simples que estão mudando a vida dos agricultores familiares. O nosso esforço é para ampliar esses projetos, atendendo maior número de famílias".

Por Honório Barbosa do Diário do Nordeste

3 comentários:

  1. estes projetos são muitos bons só que nunca vai adiante sem falar que muito limitado tinha que se expandir pra todos os municípios o mais rápido possível ALTANEIRA tem muita facilidades pra estes tipos de projetos mais demora muito a chegar nestas região. a irrigação é um meio mais fácil de fazer com que o cidadão do campo tenha renda e alimentos o ano todo sem ter que depender exclusivamente do período chuvoso. e pode muito bem vender sua produção nos grandes centros urbanos, é só saber administra as vendas retirando o atravessado que na maioria é quem ganha encima de quem produz, é só ter acompanhamento por pessoas que tenha conhecimentos em irrigação por sistemas de pingos de águas que são eficientes e com pouca água. é isso ai.

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  2. A cultura de subsistencia é que faz do Nordestino um refém das chuvas que nem sempre vem. Desde que estudava na EAFC já viamos que era preciso mudar essa cultura, não só com a platação como também com a criação é preciso que haja interesse das autoridades e que esse trabalho seja expandido por todo o interior.
    outra boa saida aliada ao projeto mandala seria a criação de cooperativas e por ultimo mas não menos importante é preciso que o ALGODÃO volte a ser plantado na nossa região, como já dizia Gonzagão "Ouro Branco é quem faz nosso povo feliz". A economia da nossa cidade era bem mais próspera na época do algodão!
    abraço!

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  3. pouco sei a respeito do projeto mandala mais se preserva o meio ambiente quero conhecer e bem de perto

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