22 de abril de 2012

"O Twitter e as polêmicas pré-eleitorais" por Gil Castillo


Quando o Twitter nasceu, em 2006, tínhamos 140 caracteres disponíveis para responder “What are you doing?” (o que você está fazendo?) e a rede caiu no gosto das pessoas. Com o passar do tempo a pergunta mudou para “What’s happennig?” (o que está acontecendo?), e, nesse ponto, os mesmos 140 caracteres já haviam transformado-se numa poderosa rede de comunicação e informação, cuja utilização na campanha eleitoral norte-americana, em 2008, e o papel fundamental como ferramenta de liberdade de expressão nas eleições do Irã, em 2009, casaram-na para sempre com a comunicação política.

Em 2010, exercitamos com maior liberdade, a comunicação política interativa, com o uso das mídias sociais digitais. O Twitter não poderia ficar de fora e alguns políticos tiveram atuação de destaque porque souberam dialogar com seus seguidores. E o que temos visto, desde então (quando bem aproveitado), é um novo meio de discussão, que coloca representantes do povo e cidadãos em contato direto.

Recentemente, uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral determinou que políticos não podem fazer uso eleitoral do Twitter, mesmo que de maneira subjetiva, antes de 6 de julho. Essa decisão estaria baseada no princípio da igualdade e, assim como não se pode usar rádio e TV para pedir votos antes da data, no Twitter também não.

Até aí, tudo bem, mas o que me preocupa, na verdade, é a subjetividade. Toda vez que ela está associada a julgamento de ações consideradas eleitorais, principalmente com relação às novas tecnologias de comunicação e informação, corre-se o risco de haver cerceamento de opiniões. E é sobre isso que devemos estar vigilantes, apelando para o bom senso, sempre.

Reservadas as devidas proporções entre legislação, hábitos e estratégias em uso no Brasil e EUA, cabe destacar que durante todo seu mandato Obama não deixou de usar seus perfis pessoais nas redes sociais para se comunicar com o povo. Ações de seu governo, prestação de contas e campanhas inteiras, com foco na participação dos cidadãos em projetos de governo, foram uma constante. Graças a essa maneira transparente de agir, conquistas significativas - e também críticas e diálogos - foram responsáveis pela construção de uma gestão com intensa participação social. Provavelmente, sem as estratégias de Obama através das mídias digitais e sem a consequente pressão dos cidadãos, uma dessas conquistas, a Reforma da Saúde, não teria passado de promessa de campanha.

Não podemos esquecer que estamos aprendendo a construir nossos diálogos em rede e nela a comunicação é dinâmica, com filtros que as próprias pessoas utilizam para separar o que é irrelevante. Essa dinâmica engrandece o debate democrático. Aos pré-candidatos, importante acatar a lei, mas à sociedade é fundamental debater a questão.

Gil Castillo (foto) é Consultora política, Diretora de Relações Públicas da Abcop, autora do Livro “Internet e Eleições: Bicho de Sete Cabeças?” e editora do Portal MarketingPolitico.com

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